15 de fevereiro de 2010

O CARNAVAL DAS NULIDADES


Madona leva a tiracolo um garotão pobre e sarado que ela sustenta, e recebe um milhão de dólares (deve ser dinheiro público, descontado do imposto de renda para “projetos culturais”) para subir no camarote do Sambódromo e descer no desfile e atrapalhar a Viradouro. Tudo com o aval do bobalhão do Sergio Cabral, acompanhado por outras nulidades notórias. Para isso “nos livramos da tirania” e “derrotamos a ditadura”: para sustentar a pão-de-ló esse tipo de trolha. Mientras tanto, a mídia impõe comentaristas imbecis para os desfiles e tudo está relacionado com a patifaria do bigbrother. É o pior dos mundos.

Um baile de rua para crianças aqui numa praia da ilha tinha som altíssimo com música de baticum. Verdade. Nem uma migalha de uma marchinha. Como não há mais carnaval, passei o tempo de outra forma. Assestei baterias, no Twitter, contra o pesadelo da linguagem. Tem tudo a ver: como imprensa estimula, as celebridades fazem o que querem. É importante usar o Twitter, que está sendo pesquisado para virar um instrumento fascista para educação metida a de vanguarda. Cuidado. A internet é arena para a expressão e a militância de espíritos livres, não para a fascistização da sociedade. Vamos aos tuits:

Veja as imagens do atentado, diz a manchete. Você clica e aparece o pessoal indo para o hospital, chorando. Onde está o atentado?

Não tem mais ninguém nas redações.Criaram um sistema que redige automaticamente as notas. E que títulos: Meirelles vê, Embraer diz.

Redações às moscas, cacófatos: ouve assentada suspeita, acusada de invadir, Ivete canta diz que está de cavalo. Tudo publicado.

Redação às moscas: Tem o "Operação da PF mira homem de Paulo Octavio". Nunca tinha visto "mira homem". Eles inovam.

"Mata ao menos" compete com "suposto" e "dia desses". Tem o "se vivo fosse faria hoje 140 anos". Redações às moscas.

Nada mais irritante do que você há de convir.

Nada mais ameaçador do que depois dos comerciais, Bigbrother Brasil.

Nada mais liso do que me liga. Nada mais brutal do que o teu trabalho é bom, mas. Nada mais aterrorizante do que precisamos conversar.

Nada mais frustrante do que veremos isso mais tarde. Nada mais excludente do que falo contigo depois. Nada mais fingido do que boa pergunta.

Nada mais igual do que fazer a diferença. Nada mais previsível do que fora de série. Nada mais omisso do que fazer a lição de casa.

Quem sacode afirmativamente a cabeça no final das frases, sem dizer palavra, está esperando que a lenta platéia chegue às suas alturas.

Reflexão não precisa de convite.

Bonner orgulhosamente chama o helicóptero. "Aqui do alto, vejo problemas lá embaixo", diz o repóer sobrevoando o congestionamento.
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"O objetivo do time, claro, é ser campeão.O último toque é do atacante, é tiro de meta".Um jornalismo esportivo que só falta perguntar, como a personagem de Nelson Rodrigues, quem é a bola.

RETORNO - As fotos de Madona no camarote estão aqui.

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