6 de novembro de 2009

OS VENCEDORES


Imagino que seria mais sincero na noite do Oscar anunciar assim: “E os perdedores são...” Seria justo com a maioria, aquela que fica com cara de sabão enquanto o ganhador faz estrepolias, pula como macaco, beija a Jennifer Lopez (tudo é possível nessa noite) e chega dançando o fox trot ao microfone, onde tartamudeia suas abobrinhas para o encanto fake da platéia, formada por um grande números de pessoas putas da cara, porque não estão lá no palco. Os vencedores seriam aclamados por eliminação, depois da cerimônia, numa festa íntima, para não chocar os que não levaram.

O Brasil está sendo celebrado como “player” internacional e, dizem, todos voltam os olhos assombrados para o fenômeno. Não consigo entender tanto entusiasmo. A não ser que tenham mudado os critérios. Tudo pode ser desde o momento em que os colégios incentivaram a compram de tridentes vermelhos. As estradas e cidades são pulverizadas pelas tormentas, as ruas inundam, as pessoas morrem aos milhares todos os dias, os assassinatos são uma indústria, a massa ataca os policiais que matam inocentes, as propinas correm soltas, o grevismo aparelha os serviços públicos contra a população e a favor da campanha eleitoral etc.

É um caso idêntico ao dos americanos, que declaram vitória quando perdem. O Brasil está igual: o país afunda, mas acenamos para o mundo dizendo: vencemos! O enigma é: por que eles acreditam? Será porque pagamos os juros obscenos que aumentam o rombo do país enquanto os atuais espertalhões se enchem de dólares?

Por uma estranha coincidência, os times que ocupavam liderança folgada no Brasileirão foram perdendo tudo, de uma hora para outra, permitindo que os adversários chegassem e os estádios continuassem cheios. É um esforço conjunto entre perdedores. Se já tivéssemos um campeão, e com a proximidade do verão, ninguém mais iria cheirar sovaco em estádio.

Por falar em verão, o calorão chegou e com ele o grande número de turistas por aqui. Para ser um vencedor neste verão, um player das areias, fique atento a três itens dos costumes locais. Se seguir direitinho as instruções, poderá fingir que é daqui.

HORÁRIO DE ALMOÇO - É a única religião fundamentalista da ilha. Não respeitar o horário do almoço é como negar a existência de Sarney no Maranhão. Funciona do meio dia às duas. Nesse intervalo sagrado de tempo, não pense em solicitar qualquer serviço ou tentar comprar qualquer coisa, até mesmo almoço. Pois, nos restaurantes, o horário de almoço é reservado para os garçons.

NADA EXISTE FORA DO GELO – Não tente comprar um refrigerante ou qualquer outra bebida que não esteja pelando no freezer. Nem sugira que possa haver alguma latinha ou pet perdidos no depósito, fora da temperatura estupidamente gelada. Também não invente de defender seu ponto de vista, de que possa existir algo fora dessa situação obrigatória. O conceito de temperatura ambiente não existe. O que não é hipergelado é, invariavelmente, “quente”. Se você insistir muito, eles te servem café. Que corre o risco de vir morno.

CORREIO SÓ PARA FORA - Jamais diga que vai colocar uma carta no correio para a pessoa que more na ilha. Trata-se de uma impossibilidade. Se você tem uma correspondência para a pessoa que se situa a 70 quilômetros da sua casa, mas dentro da cidade, então você tem que ir pessoalmente entregá-la. Não existe essa de colocar no correio, mesmo que você argumente que é mais prático, rápido e barato. Isso será encarado como ofensa sem perdão.

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