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21 de novembro de 2009
CAIXA CORAL
Nei Duclós
Adiei o mundo que no escuro
preparava o bote – coral na caixa
preta do destino
Sem descobrir
o código – cobertor de ruído
sobre o túnel –
acordei diante do trem
em direção ao corpo
preso na ferrugem
Nenhum desvio
salvou-me do som
despedaçado do violino
Adeus dos outros,
feito pão mofado
na mesa posta de um cortiço
Acolheu-me a musa
no lado oposto à vida
com o olhar mortiço
para quem ficou encarando
a minha sorte
Ela escolhe e fisga o coração
de quem não morre
Para o resto – o inconformismo
em mar de inveja repulsivo –
ela tem o olhar que petrifica
Fósseis na mira da Medusa
fogem do Tempo, rosto final
do Medo, que assoma
como surda carruagem
Enquanto somem, a seiva
interminável cobre o sonho
que guardei no bolso
Carne oferecida à eternidade
RETORNO - 1. Poema do livro (ainda) inédito Partimos de Manhã. 2. Imagem desta edição: Homemarvore, de Ricky Bols.
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