13 de fevereiro de 2009

TRABALHISMO TRAIDOR


Ontem, tive o desprazer de assistir o programa do PDT na televisão. O partido destaca um egresso do PT, o senador Cristovão Buarque, autor da tese do educacionismo, que, claro, serve para substituir o conceito de trabalhismo. E tem como âncora o político que refluiu para o PT, o Ministro Luppi, o sujeito que faz parte do atual governo, cuspindo assim no túmulo de Leonel Brizola, que, morto, arrancou dos correligionários os gritos de “traidor, traidor” quando Lula decidiu ir aos funerais. O PDT deixou de ser coadjuvante, agora é cúmplice. Arca com todo o ônus da falta de políticas públicas para o emprego, já que o governo agarrou-se às tetas da ciranda financeira, e quando elas secaram, tirou a escada, deixando Luppi falando sozinho.

O trabalhismo precisa assumir sua função histórica, o de refundar o Brasil Soberano, assassinado a partir de 1964. Os militantes precisam entender que o trabalhismo está na vanguarda, voltado para o futuro, pois logo depois da Revolução Russa implantou no Brasil um regime que prega o equilíbrio entre capital e trabalho, o que todo regime político sério busca, principalmente depois de tantas tentativas fracassadas de ditaduras do proletariado, uma pretensa solução para o capitalismo predador. Nenhuma ideologia decente pode pregar a ditadura. Nem pode deixar que a idéia de democracia mascare um sistema de tirania.

Instalou-se no imaginário nacional a idéia de que 1964 foi uma ditadura militar e que, ao nos livrar dos militares no poder, entramos numa democracia. Não foi bem assim, volto ao tema. O golpe de estado foi dado pela direita civil, com inspiração e apoio do imperialismo. Usou os militares porque achava que iria se repetir o de sempre: a farda voltaria ao quartel e os maganos de terno e gravata iriam assumir tudo. Não assumiram tudo, mas o principal: a política econonômico-financeira, fundamental par cumprir o objetivo do golpe, que era destruir o país e colocar nosso território e população a serviço das potências do Exterior.

Depois que os militares ficaram com a imagem bem suja pelo longo tempo que ocuparam o Palácio do Planalto, a mesma direita retomou o poder político, no papel do atual presidente do Senado, que assumiu a presidência por vias tortas (eleição indireta que deixou de valer com a morte do titular). A corrupção e o marketing terminaram de fazer o serviço. A sucessão de escândalos é o normal da atual ditadura civil, que conta com o apoio do trabalhismo traidor. Dizem que as denúncias contra o castelão mineiro vai acabar em pizza. E que a cassação de dez governadores servirá para abrir caminho para um terceiro turno dos mesmos caras acusados hoje. Dizem.

O que me irrita é esse aplomb, essa postura metida a besta, esse cheiro de naftalina em ternos engomados, essas caratonhas de produção de pensamento que os políticos assumem quando estão diante do povo, ou melhor, das câmaras. Parece que são sérios. Como podem ser sérios se acham quem pode educacionar sem eliminar a atual política econômica e financeira? É uma covardia deixar intacto o arrocho que penaliza a nação em favor de uma idéia de educação dirigida para o mercado, porque no fundo é isso que vai acontecer com o tal educacionismo.

Pois a única educação que vale a pena é aquela sustentada por um regime de soberania e que seja de formação básica, humanista, generalista. Você não pode usar a escola para treinar o estudante a passear cachorro. Em aula ele precisa ler Conrad, Platão, Shakespeare, Machado, Cecília. Precisa estudar línguas, matemática, química, biologia. Se for reprovado em uma só matéria ou falta xis número de aulas, repete. Se repetir por dois anos, rua. Era assim no tempo do Brasil Soberano. É assim que deve ser.

Ou vamos formar bobalhões treinados em técnicas de mercado que ficam obsoletas a cada ano?

RETORNO - Imagem desta edição: Judas beija Jesus. Todo mundo está vendo.

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