29 de agosto de 2008

COMO DEVERIA SER O DISCURSO DE OBAMA


O noticiário da televisão babou com o discurso do candidato Barak Obama à presidência dos EUA nesta quinta-feira. Para mim, Obama não passa de um Lula americano, um traidor em escala global. Pois faz como todos os candidatos, não toca no principal e apela para o patriotismo que, todos esqueceram, foi a moeda corrente com que Bush comprou a opinião pública mundial para invadir o Iraque e implantar uma ditadura na América. O patriotismo é ao portador, serve para qualquer um. Joga areia nos olhos, pois não toca no que realmente importa. Como deveria ser um discurso de verdade de um candidato de oposição? Algo que contrarie o Império e devolva a dignidade aos países. Algo assim:

“Cidadãos americanos. É costume apelar para os fundamentos da Pátria para desqualificar os adversários e angariar simpatia e votos entre os eleitores. Não vou cair nessa tentação, porque isso seria sinal evidente da minha demagogia. Prefiro atacar o núcleo da questão. Preciso dizer que o governo Bush, como tantos outros, é apenas um instrumento do verdadeiro poder que corrompe a sociedade mundial, que é o poder das finanças sob a tirania da especulação. As grandes corporações multinacionais mandam nos países, inclusive na América. Somos títeres dessa opressão corruptora, que precisa da corrupção para se manter. Não adianta prometer a retirada honrosa do Iraque, pois o que existe lá não é política, é economia, é luta por territórios produtores de energia, sob o comando de dos potentados daqui e de além fronteiras.

Se meu governo não combater essa força tirânica, de nada adiantará fazer discursos vazios a favor da paz. Pois a pressão da ditadura global vai manter a situação e meu governo vai gerar frustração, que será tão intensa quanto a esperança que vocês depositam em mim agora. Ela vai nos empurrar para outras áreas potencialmente em conflito, por qualquer motivo. Se não é Sadam Hussein, será a destruição da floresta, se não é o terrorismo árabe, será o das Farcs. Não podemos compactuar com os propósitos de uma minoria, que invade países e desestrutura seus parques industriais. No lugar de tornar nossas fábricas mais modernas, mais justas e humanas, mais focadas em distribuição de renda e justiça social, migramos nossas indústrias para áreas de escravidão, como China e Indonésia.

Permitimos que isso aconteça pois confundimos nosso meio de vida com a liberdade dos tiranos especuladores. O feito mais recente desse núcleo do Mal é a destruição do agronegócio no mundo inteiro, ou melhor, o desvirtuamento dos objetivos da produção de alimentos, pois vamos especular com terras aráveis para produzir combustível, enquanto deixamos aos sanguessugas o poder de aumentar o preço de produtos agrícolas, que deveriam matar a fome e acabam matando populações inteiras pela escassez. Os países não podem mais se prestar a esse jogo perverso. E nós, América, estamos no centro desse furacão. Devemos ter a coragem de enfrentar essa questão, sob pena de repetirmos os erros e afundar ainda mais nossa economia na miséria.

Quando deixamos New Orleans à mercê do dilúvio, quando não comparecemos de maneira pronta e prestativa para minorar o sofrimento de nossos compatriotas, é porque obedecemos a essa economia de choque, pois tudo fazem para aproveitar as crises e por meio delas inventar novas oportunidades de negócios. Não é possível deixar que os terremotos, os furacões, as inundações sejam motivo de mais lucros, de mais concentração de renda. Precisamos nos libertar, América. Pois se não fizermos isso, surgirão mais e mais Irãs, mais e mais Iraques e mais e mais Venezuelas.

No fundo, por nossa omissão, somos os que alimentam essas insubordinações selvagens. Pois a especulação financeira internacional se confunde com a política imperial americana. Vamos romper com isso. Vamos voltar a ser uma nação, forte, rica, orgulhosa e não essa fonte de sofrimento planetário em que nos transformamos.

Esse é o meu sonho. Se sonharmos juntos, venceremos as próximas eleições. Muito obrigado.”

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