14 de janeiro de 2008

TEMPO DI PERDONO


O escritor, poeta e professor Julio Monteiro Martins traduziu para o italiano meu poema "É tempo de perdão", junto com seus alunos de "Lingue e Lettere dell'Università di Pisa": Anna Crippa, Martina Barsanti, Massimo Inghirami, Virginia Lupo, Eleonora Gianni e Sara Scatena.

É uma honra e uma alegria para mim, poeta veterano e tão pouco visto neste vasta latifúndio das letras pátrias, ter mais um dos meus poemas (o outro é "O país perdido", traduzido também por Julio e sua equipe ) para ser lido na língua de Dante. A publicação foi na edição número 30 da Revista Sagarana, editada por Julio, que mora na Italia e é o mais importante escritor brasileiro em atividade no Exterior. A seguir, a versão italiana do poema, seguida do original em português.


TEMPO DI PERDONO

Nei Duclós

È tempo di perdono per il tempo perduto
è la perdita di tempo che ci tiene prigionieri
non il tempo senza valore o il freddo fato
ma il tempo del cuore in caduta libera.

È tempo di perdono per la vita in esilio
tempo di oscurantismo senza ragione
tempo scivolato via in mancanza di un urlo
la parola sepolta nel tempo frantumato.

È tempo di perdono per ciò che potrebbe essere stato
per aver gettato il tempo dalla finestra di vetro
da dove non vediamo il tempo che il vento fa sibilare
e così perdiamo la canzone senza ritmo nè splendore.

È tempo di perdono per la poesia assurda
per la parola che il tempo ripete senza rumore
per il tempo che troviamo lontano dallo spirito
questo tempo non redime lo strano connubio.

È tempo di perdono per dire amico mio
di costruire un falò dei tempi antichi
che si vede da lontano, nel tempo rinato
e che ci faccia guarire il tempo e la sua ferita.

È tempo di perdono nell'anno che si chiude
tempo di comunione anche se finirà
quando abbiamo tempo nell'istante tisico
è solo una stretta di mano al tempo assassino.

È tempo di perdono, vieni a condividere con me
un tempo che desti la pietra insensibile
e che abbia tempo fatto con cura
anche se il tempo divorerà i suoi figli.

È tempo di perdono e non di pentiti
è tempo di preghiera, del pane diviso
luogo comune di un tempo di granito
dove poggiamo il volto del tempo infinito.
_______________________________________________

In lingua originale:

É TEMPO DE PERDÃO

Nei Duclós

É tempo de perdão pelo tempo perdido
É a perda de tempo que nos mantém cativos
Não o tempo sem valor ou a chance fria
Mas o tempo do coração em queda livre

É tempo de perdão pela vida no exílio
Tempo sem razão do obscurantismo
Tempo escoado pela falta de um grito
A fala enterrada do tempo partido

É tempo de perdão pelo que poderia ter sido
Por jogarmos o tempo pela janela de vidro
Onde não vemos o tempo que o vento sibila
E perdemos a canção sem tempo nem brilho

É tempo de perdão pelo poema sem sentido
A palavra que o tempo repassa sem ruído
Pelo tempo que arranjamos longe do espírito
Esse tempo não redime o estranho convívio

É tempo de perdão para dizer meu amigo
De construir uma fogueira do tempo antigo
Que se aviste de longe, no tempo redivivo
E que nos faça curar o tempo e sua ferida

É tempo de perdão no ano que se fina
Tempo de comunhão mesmo que termine
Quando temos tempo no instante tísico
É só um aperto de mão no tempo assassino

É tempo de perdão, venha ter comigo
Algum tempo que desperte a pedra insensível
E que tenha tempo composto no capricho
mesmo que o tempo devore seus filhos

É tempo de perdão e não de arrependidos
É tempo de oração, do pão que é repartido
Lugar comum do tempo, feito de granito
Onde pousamos o rosto do tempo infinito

RETORNO - Imagem de hoje: Estátuas, no Duomo di Milano, foto de Daniel e Carla Duclós.

EXTRA - SAGARANA, 30

"Caros amigos

É com satisfação que anunciamos a presença on-line, a partir de hoje, do n° 30 da revista Sagarana (em língua italiana), no endereço telemático www.sagarana.net .

Neste mesmo endereço é possível ler os textos atualizados da nova seção da revista: Il Direttore, com a tradução e a versão original de um trecho do romance "Artérias e Becos", além de uma seção especial sobre a literatura italiana do período do boom econômico dos anos 60.

Esta nova edição de Sagarana, dedicada à figura de Franco Fortini, oferece aos seus leitores textos de Jean-Luc Godard e de Glauber Rocha, um artigo de Eduardo Galeano e um conto de Rubem Fonseca, textos Dalton Trumbo, Doris Lessing, Norman Mailer e poesias di Neruda, Quasimodo, Fontela e Zanzotto, além da sexta edição da Exposição fotográfica virtual dos maiores fotógrafos dos últimos cem anos (todos os números precedentes de Sagarana estão ainda on-line no mesmo endereço telemático e podem ser consultados).

Ademais, partir desta edição, na seção Archivi, estarão disponíveis para leitura todas as "Lavagne del Sabato" publicadas até hoje em Sagarana. Esperamos que os ensaios, os contos, as poesias, e os trechos de romances selezionados possam oferecer-lhes muitas horas de agradável leitura.

Cordialmente, Julio Cesar Monteiro Martins"

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