24 de fevereiro de 2005

AINDA SUJA



AINDA SUJA



Nei Duclós




Lá no coração escuro

da alma endurecida pelo estupro

Guardada em denso toque de loucura

muito abaixo do chão da lua, onde

escondeu-se a luz da infância

que perdi junto com a vida.

Lá onde ninguém vai, nem a mais

dolorosa sombra, onde a represa

do amor afunda, por esquecer

a voz que batizou seus anos.

Lá, irremediavelmente nua

Presa ao colar do desengano

dorme a chama infinita do poema

Palavra despertada e ainda suja

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