23 de março de 2004

“UNIVERSO BALDIO” LEVANTA VÔO



Meu romance de estréia chega da gráfica e já começa a ser distribuído. Fiz atendimento especial para Uruguaiana, onde o livro pousará em poucos dias no Café com letras. “Universo baldio” é dividido em dois tempos: a gaveta (quando estive no front) e a emergência (quando voltei ao front). Nessa guerra particular, espero ter deixado a marca dos escritores que não têm outra saída senão contar tudo, com todas as letras. Como diria Paulo Francis, “todos vocês estão meu livro”.

O LANÇAMENTO - O mais completo profissional de comunicação do país, e texto maravilhoso, Wagner Carelli, é mais uma vez o responsável por esse abraço no escritor que ficou oculto por muitos anos. A W11 Editores, que ele dirige com a cabeça a mil e o coração a milhão, apostou em mim e colocou na roda as histórias que povoam minha vida e forçam a barra para vir à luz. Não vou falar mais nada sobre este livro. Espero agora o retorno dos contemporâneos, e o encontro no próximo dia primeiro de abril, na Fnac de Pinheiros, São Paulo (Avenida Pedroso de Moraes, 858, telefone (11) 4501 3000, a partir das 19 horas). O lançamento será junto a O Fantasma de Luis Buñuel, romance inédito de Maria José Silveira, e os relançamentos de Cleo e Daniel, de Roberto Freire, Trinta anos esta noite e Filhas do Segundo Sexo, de Paulo Francis. Primeiro de abril para lembrar a ruptura democrática e colocar na roda os livros que refletiram o vasto periodo de 1964 a 2004. Participei da produção de todos esses livros. É um privilégio estar ao lado de autores tão importantes, com suas obras imperdíveis.

PRÓXIMO PASSO - Tenho ainda um livro de poemas, o quarto, para lançar. Mas o que me assedia atualmente são os personagens de um novo livro. Talvez nosso militar Argeu, o Cabo Adão, fique restrito a este blog, talvez não. Quem sabe o que fará um guerreiro! Só tenho a dizer que, ao saber que o livro estava pronto, me desejou boa sorte e despareceu. Não consegui arrancar dele a promessa de que não iria laçar os renitentes que se recusarem a ir ao lançamento. Mas é fato que Cabo Adão é um homem de bem e jamais faria semelhante coisa. Serviu para me mostrar o quanto um escritor é dividido, entre a legalidade e a revolução, entre o pampa e a metrópole. O conflito, guerra suportável, é o que possuímos nesta vida que tem tudo para tornar-se insossa, se a gente não tomar rumo e investir no que realmente acreditamos. Metade do livro foi escrito em 2003, quando deixei o emprego onde fiquei dez anos. Foi uma decisão fundamental. Precisava me livrar dos medos e aportar onde estou agora, no miolo do furacão.

AMIGOS - Por muito tempo, cheguei a desacreditar na amizade. Longos anos de exílio interno me afastaram deles. Mas aos poucos os companheiros voltaram e pude então ver o quanto somos diferentes e por isso mesmo, devemos ficar próximos. A Internet ajudou a apertar esse abraço. O que vale, entretanto, é a conversa ao vivo, a sintonia humana que a tudo redime, especialmente estes anos todos em que estamos mergulhados em profunda crise do país que amamos – tanto, que chegamos a dizer que abrimos mão dele. Claro que não desistimos de nada. Não foi em vão a luta dos que vieram antes de nós, que construíram um país com as mãos, suor e sangue. Mas temos o direito de sermos indignados, inconformados, duros. Mesmo que a gente saiba, felizmente, rir de tudo, porque a alegria, todos sabem desde Oswald de Andrade, é a prova dos nove.

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