10 de março de 2004

O FIM DO BLOG ESPINHA



Hélcio Toth despede-se e diz que o Espinha não existe mais. Um calafrio passa por todo mundo. Como que um espaço que é criatividade pura, arte na sua extensão maior, link total com os contemporâneos, invenção e reportagem, jornalismo de verdade e descompromisso com qualquer cânone da chamada “comunicação” recebe um chega para lá depois de anos de trabalho ininterrupto, feito com desprendimento e determinação, e acaba de um momento para outro?

DEPOIMENTO - Toth informa que o rolo, em tese, teria sido provocado pelo excesso dos seus arquivos, que estariam ultrapassando 10 megas. Ele diz que fez o corte, mas assim mesmo foi tirado do ar. Ou seja, a Internet, que até aqui estava isenta de censura, mostra pela primeira vez a face muito conhecida da velha senhora indigna, a que nos criou no auge da ditadura civil/militar. O fim do blog Espinha – e de quebra, ainda sem confirmação de que isso seja irreversível, também o genial blog Fotogarrafa, de Marcelo Min – é um marco do fim da liberdade na rede. No mínimo deveriam entrar nem acordo com nossos artistas, que inconformados queriam a liberdade que desfrutaram desde o início. Quer dizer que o jogo é só desligar da tomada? E como fica o vasto acervo disponível na Internet, que agora entra para o buraco negro das gavetas, do boicote ao talento, na fila da espera da mesmice? Acho uma tragédia e deveria ser renegociado. Desistir simplesmente não vale a pena.

PROPOSTA - Vamos tentar reverter o quadro? Cartas para a redação. Proponho um debate equilibrado, sem xingamentos e acusações, pois precisamos encontrar uma saída deste imbróglio. Volta, Toth!!! A não ser que estejas a fim agora de correr mundo com tua magrela e livrar-se do encargo de nos brindar com fotos geniais todos os dias. O blog nos livrou da gaveta. É agora o fim do fim da gaveta?

RETORNO - Fico sabendo, nos comentários, que outros blogs culturais estão sendo tirados do ar. Gostaria que os autores desses blogs me enviassem depoimentos não só sobre o desligamento, como sobre o trabalho desenvolvido neles. O Outubro quer fazer uma edição especial sobre essa tragédia.

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