Nei Duclós
Filme
didático no Netflix, Sarajevo, de 2014, que contrapõe o álibi do império austríaco
pela guerra ao esforço de investigação do promotor de origem judaica que
descobre um complô no atentado contra o arquiduque herdeiro do trono e favorável
à soberania da Servia. O investigador, interpretado por Florian Teichtmeister,
tem uma aparência de Santos Dumond no bigode e no chapéu desabado. Anda de
bicicleta perguntando os motivos de colocarem o príncipe e sua esposa de
bandeja para o assassino sérvio, um dos dez financiados pelos algozes, que
estavam postado no roteiro previamente divulgado nos jornais.
A
inteligência militar estava por trás de tudo, para colocar a culpa na Servia,
que nada tinha a ver com isso, e invadi-la, o que provocou a carnificina de 17 milhões
de mortos na I Grande Guerra, envolvendo 40 países. A Servia soberana atrapalhava
os negócios e a penetração ate Bagdá, uma rota que enriqueceria meia dúzia de
maganos.
O filme
narrado de maneira densa, protagonizado por um ator concentrado num personagem
que descobre sua coragem ao permanecer fiel à lei, encontra na bela Melika
Fourontan a janela para um futuro inviável, o amor e a família num tempo de mortandades.
A chantagem cavernosa a que submetem o promotor, um homem solitário e dedicado
ao seu ofício, está à altura dos interesses comerciais e políticos da potência imperial.
O objetivo era saudar por uma Paris alemã.
O atentado,
em Sarajevo, na Bósnia, se desdobra em dois momentos. No primeiro, o herdeiro
escapa da bomba mas volta pelo mesmo roteiro e no segundo leva o tiro mortal ao
lado da mulher que também se esvai em sangue. Por que? pergunta a Justiça.
Porque sim, responde a guerra. O diretor é Andreas Prochaska e o roteirista Martin
Ambrosch. Banho de cinema, com cenários sinistros, uniformes impositivos,
semblantes ameaçadores, diálogos mortais.