25 de setembro de 2015

SOPRO



Nei Duclós

Perder a humanidade quando o gesto
engessa
economizar esforço num treinamento
avesso
saber-se sem saída na cidadania
presa
compor algo supremo enquanto cala
o estro

Eis a situação onde ninguém
regressa
revolvendo o passado em redoma
espessa
de lá nada se enxerga especialmente
o tempo

Por isso inventa-se um coração
de gesso
embalagem de poemas ainda no ovo
estéril
e um ruflar de anjos que em conluio
flertam
com a chance viva de combinar
a obra
aquilo que fazemos depois de dar
o exemplo

A liberdade é fuga e confronto ao mesmo
tiro
corremos em direção ao pó que não
se entrega
somos o endurecido barro a devolver
o sopro




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