8 de junho de 2015

RANHURAS



Nei Duclós

Mesmo na seca a gota se anuncia
paredes flexíveis no ninho líquido
pressão sobre espinho, ranhuras
o cacto traduz a fórmula deserta

Não é hora de dizer, o peregrino
precisa achar o poço antes da lua
a roupa úmida de lágrima oculta
voz repetida, sem poder de veto

Navegantes estranham o enigma
não falas claro, autor de parábolas
profeta sem aura, jugular na duna

Claro é o rastro da tua fantasia
orienta lagartos feridos no dorso
o poema é torto, mas não a poesia




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