24 de junho de 2015

POEMAS MÍNIMOS



Nei Duclós

Versos que se espalham e que recolho aqui neste espaço

IMAGINEI
Imaginei que me davas
a flor que te alcancei
A fantasia completa
o que jamais viverei

PÉS DE BARRO
Grandes espíritos te habitam
mas não te dás conta
Achas que os deuses inexistem
mas eles te inventam
Suba o Olimpo, pés de barro

PONHA PARA FORA
Tem palavra demais
fazendo hora
Ponha para fora
Não permita
o desperdício
da fala
Insurja o verso
agora

VIVÊNCIA
Já passei por isso
Mas eu era moço
O recomeço do eterno
retorno traz o peso
Inútil da experiência


ORAÇÃO
Volta, açucena.
Tarda o tempo que nos consome.
Devore a distância e pouse em minha varanda.
O pampa não dorme sem tua cálida presença.
A brasa precisa vencer a neve

GOSTO DE TUDO EM TI.
Gosto de tudo em ti.
amor que gosta de colo
lóbulo com saliva
firmeza que ocupa o pódio
Até do que não gosto:
O enrosco do ciúme
a birra exigindo juras
ritmo que demora

INSURREIÇÃO
Renunciaste ao trono
para espiar os pombos
comer as migalhas
depois do recreio.
Vocação de majestade anônima,
criada junto ao povo,
que um dia é convocada
pela nação invadida.
Foste então carregada
nos ombros para liderar os insurretos
e trouxeste de volta a harmonia
garantida pela linhagem da grandeza.

TESOURO
Minha vida não estava
naquele cofre.
Mas no teu olhar
quando me abandonaste

FERNANDO BRANT
Poeta é a voz
que dele se alimenta.
Canção da vida toda
que passou depressa



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