17 de agosto de 2013

FLOR DO MEU OLHAR



Nei Duclós

Palavras pesadas são difíceis de carregar. Prefiro as que flutuam, flor do meu olhar

Reconheça que pego fundo. Lá onde não admites. Perfume.

Do amor morto brotou algo que não atino. Talvez algo impossível, a liberdade do destino.

Te atiras em mim, equilibrista. Desistes do arame, atraída no abismo.

Não vou falar mais nada. Virei um beijo.

Eu estava cheio de frases, mas aí um passarinho cantou...

Esteja onde não estiver, obrigado por você não existir.

Chega de amor, ela disse. Fale das ondas que viajam no Tempo.

Te dei um beijo, mas esqueceste. Vou repeti-lo, espoleta

Na hora em que subo, tu desces. Quando mergulho, és superfície.

Não sou antigo, só parece. Nasci agora, quando me viste.

Preferes ficar atenta ao que parece ser certo. Mas o pêndulo volta carregado de versos.

Queria que soubesses o que faz a fantasia. Rompo a cortina em tuas janelas de vidro.

Quando houver reencontro, melhor nem falar. Esqueça os arquivos do último andar.

Nos conhecemos há tanto tempo que podemos mudar de identidade. Muito prazer, coração selvagem.

Não quero mais pensar nisso. Só quando sonho tenho uma recaída.

Achei que fomos bonitos. Eternidade é a memória do amor infinito.

És bela, disse ele. Eu também te amo, disse ela.

Te dei os melhores versos. Mas fiquei com a fábrica.

Deixar-me é tua ilusão preferido. Acorde.

A prosa é o amor de chão batido. A poesia, a coincidência.

Não nos escutam porque pensamos baixo.