20 de julho de 2007

A FALTA QUE FAZ A VARIG





Esta é uma foto antológica de Marcelo Min, síntese de todo o cinema noir e, de quebra, do cinema que se faz hoje inspirado nos grandes filmes policiais do passado. Foto de vanguarda, com elementos de graphic novel. Foto de denúncia, que vale por dez mil reportagens. O clima sinistro do país entregue aos assassinos. O que faz a dupla de detetives embaixo do guarda-chuva? Eles estão mudos diante da tragédia, exaustos de saber os motivos de tanto crime. Foto viajante, plasticamente soberba e, por ser perfeita, histórica.

Para acompanhar esta foto, coloco o texto de Clovis Heberle sobre o acidente de Congonhas (atenção, o texto abaixo é Clovis Heberle, que voltou do Rio para Porto Alegre, de avião, depois do acidente):


"A suspeita de que o Airbus A320 tinha problemas, detectados há quatro dias, no reversor - e esta poderia ser a causa do acidente em Congonhas, desnuda outro vilão nesta crise aérea onde o que não falta são vilões. Eu me lembro que a velha Varig mantinha uma bem montada e operada "oficina mecânica" para fazer as revisões e eventuais consertos dos aviões da empresa. Funciona até hoje em Porto Alegre, e prestava serviços também para outras empresas.

A Gol fez diferente: só opera com aviões novos, para não gastar com manutenção (como aqueles caras que trocam de carro todo o ano para não ter nem que trocar pneus). Me parece que a TAM ficou no meio do caminho. Mantém em sua frota vários Fokker, apesar de todos os problemas que já causaram (casualmente o mais grave deles, a queda em Congonhas, também por causa do reversor), e tira o maior proveito possível de cada um dos seus aparelhos para conseguir atender ao aumento da demanda causado pela quebra da Varig.

O vôo 3054 estava com todos os lugares lotados, e isto é normal. Falta avião para tanto passageiro. E aquele defeitinho constatado há quatro dias no aparelho acidentado não foi considerado grave o suficiente para tirá-lo por alguns dias da escala. Não há tempo - nem dinheiro - a perder.

Enquanto isso...impressionado com o acidente em Congonhas, liguei para a Itapemirim/Penha para saber de horários e preço do ônibus-leito do Rio para Porto Alegre. Resposta: não tem leito, só o ônibus comum. A 206 reais, pelo menos 25 horas de viagem. Melhor correr todos os riscos e continuar usando avião. Viemos num vôo direto, de duas horas, a 300 reais."

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