4 de maio de 2004

CLAROS NA IMPRENSA VAZIA

Leitor do ombudsman da Folha reclama que os jornais não mais surpreendem. Carta Capital descobre que Bob Woodward está perto demais de Bush para criticá-lo. Empresas de comunicação endividam-se até o osso. Faz-se marketing e não mais jornalismo nos telejornais babacas. Carlos Nascimento voou para a Band.

O DRAGÃO CHINÊS - Bruce Lee desenha um novo cinema com todos os poderes do amadorismo. Funda um novo gestual (hoje repetido até o osso) baseado no biotipo e no gesto dos chineses. Cria um anti-herói, que se deixa seduzir pelos poderes. Mas que se recupera e acaba fazendo justiça. Filme ruim até o osso, bobagem pura, mas original, semente de toda uma nova linhagem cinematográfica. Mistérios da criação, percebidos na madrugada.

RENASCIMENTO - Contamos com o Jornal da Band do Carlos Nascimento. Um cara que não faz caras e caretas, tem noção de timing (raríssimo nos telejornais), nos oferece um belo cardápío de notícias, é de uma seriedade que jamais nos irrita ou afasta e é de uma generosidade sem par. Seu companheiro de mesa, Joelmir Beting, bola coisas como "o caminhão atropelou o vagão" para falar do sucateamento dos trens e não toca no principal, de que acabar com os trens faz parte do sucateamento do patrimônio da soberania nacional. Ficamos mais dependentes de petróleo e o povo perdeu um transporte de primeira. Frases bem boladas deveriam ceder espaço para um pouco mais de contundência. Mas Joelmir é ótimo perto de outros colunistas dos telejornais. Além de ser um ícone que ninguém pode criticar, vício do país do consenso imposto por hábito e uma sucessão de exclusões.

POESIA - Gim Tones, no seu blog, atravessa maravilhosa fase poética, construindo seu São Francisco de Botequim em busca de Deus e da santidade, papa fina que encontramos na internet e jamais na imprensa vazia que nos tortura diariamente. Mas Gim é Gim, talento que representa uma geração que vem com tudo e vai fazer explodir as comportas da caretice atual. O Brasil gera sua própria grande linhagem. É como água de vertente na montanha: podem colocar muros, podem tentar desviar e até mesmo destruir a montanha. A água desce, vem e forma rios que deságuam no mar. O mar, maravilhoso mar.

RETORNO - Internet é assim: podemos reescrever o já publicado, refazer o já feito, jogar fora o que ficou em dúvida.

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