16 de agosto de 2003

MANHÃ

MANHÃ

Nei Duclós

Depois de limpar os pés
no portal da aurora
a noite se recolhe
É quando a manhã nasce
para ver-me forte

Acordo a casa, abro a porta
e a brisa vem bater na carne clara
da mulher que eu gosto
deitada em paz e glória

Tenho o que sonhei
e custou-me caro
esta firmeza de me tornar belo
A espera curvou levemente as costas
mas um forte azul
coloriu-me os olhos

A tristeza se foi
como um parente chato
que abandona o quarto dos hóspedes
E é no amanhecer
que tudo isso enxergo:
o lençol manchado de amor
e o barulho dos meus versos
nas folhas do caderno


(Do livro Outubro, IEL/RS-A Nação, 1976)

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