Nei Duclós
Não tenho mais o retorno
Não perguntam, nem respondem
Continuam ocupados
Sou tratado como estranho
Celebram, enquanto me excluem
Desse bizarro mercado
Já fiz parte dessa obra
Quando me dava importância
Agora chegou minha vez
De ser cachorro sarnento
Cumprimento para o vazio
Nem mesmo o vento me acena
E se acaso apareço
Está vivo, se surpreendem
Num alvoroço de perdas
Nunca fui muito chegado
Recolhido ao próprio canto
Fui alguém quando chamado
Mas nunca fiz muito esforço
Por isso passo ao largo
Fingindo que não me importo
Mas isso dói em silêncio
De um veterano da guerra
Hoje quem bate na porta
São as lembranças de um tempo
Que não me sai da memória
Vivi porque Deus permite
Venci porque fui História
Não mereço ter a sorte
Do bem querer que acompanha
Quem é antigo e apanha
Da vida que não dá trégua
Nei Duclós