23 de agosto de 2024

ÍNTIMA

 Nei Duclós 


Secreta flor que me devassa

Sem se mostrar, fechada gruta

Que não pergunta nem se cala

Muda borrasca obscura 


Quem dera fosse explícita 

Posta em chapéu na carruagem 

E não esse jogo que adivinha

Nenhuma chance para o meu laço 


Mas és coberta por palavras

Difíceis de dizer em testemunho

Juras de amor, vazia praça 

Estátua de sal, doce ressaca


Neste jardim entro com o barro

Húmus sem dor, fronte de cal

Não vês que a pá debalde cava

Busco o tesouro, raiz e haste


Íntima flor, perfuma a graça

Por tua causa aguardo a balsa

No rio perfeito da nossa lágrima 


Nei Duclós

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