Nei Duclós
Permaneço escondido, como de hábito
Mostrando a cara, sem perder o costume
A poesia tornou-se um dos andares
Do edifício ao qual não tenho acesso
Virei saltimbanco, sem ocupar o espaço
Que também está loteado, o dos incompreendidos
Premiados pela pose de palhaços
Sou mendigo raiz, produzo sem fazer contatos
Não vou a eventos, prefiro os pássaros
Que migram dando lições de liberdade
Vire a lata do lixo, lá está o poema
Sangue em conta gotas, como de praxe
Teu coração aplaude sem som ou imagem
Tudo se repete na solidão da arte
O tempo não registra, avesso a vaidades
De quem deveria existir mas só se afoga
Mar sem saída do anonimato
Nei Duclós
Nenhum comentário:
Postar um comentário