6 de agosto de 2022

MUDANÇA

Nei Duclós 


Não reconheço mais estas ruas

Como a cidade pode mudar sendo sempre a mesma?


A memória não cabe no presente

O passado ficou dentro de mim

Pássaro preso


A alma da paisagem abandonou o ninho

E as casas, calçadas, asfalto e pedregulho

Parecem precipitar- se sobre o rio

Como piava assobiando em caniço 


É de barro o sentimento

Que amarra os pés no acampamento

O pampa mora longe

Barco de pesca como chapéu no candango


Sou desta terra, raiz e cartucheira

Fui para o mato  e na volta estranhei tudo

Já existia a mudança 

Na infância devorada pelo tempo


Nei Duclós

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