27 de julho de 2022

OS ESPÍRITOS



Os espíritos não tem medo do escuro

Curtem quando descobrem que assombram

Procuram os lugares onde vivem

De memória como os velhos indígenas


Ao escapar do purgatório decidem

Ficar em rodizio no limbo

Aguardam vagas se um dia No paraíso lotado abrirem

Janelas de impunes virtudes


Chutam latas, puxam tranças e emitem

Sons guturais e rascantes

que os velhos cachorros

Inventam

para afastá-los do osso


Pois sentem fome as almas espúrias

Que não desistem de serem humanas

E se acaso te encontram, pastora

Na curva de rio tomam banho

E como eu, ai de mim, se apaixonam


Nei Duclós

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