2 de outubro de 2021

ELIPSE EM O CULPADO

 

Nei Duclós 


A LINHAGEM DA ELIPSE DA AÇÃO EM O CULPADO: O CRIME SE REVELA PELO TELEFONE O noir de 2021 O culpado tem bases sólidas para dar certo: é praticamente uma refilmagem do dinamarquês Culpa (Den skyldige) aclamado em 2018 no Sundance Festival e finalista ao Oscar de melhor filme estrangeiro. A cópia garante a qualidade comprada do original. Bastou fazer algumas mudanças, mas a essência é a mesma: um policial ( ex no original) procura resolver um crime pelo telefone de emergência . Na versão americana, o 911, onde emerge o desespero de uma mulher que corre perigo. Mas a linhagem é ainda mais antiga. Em Sorry, wrong number, de 1948 a situação é a mesma, só muda o foco: em vez de vermos o policial manobrando com o drama, vemos a vítima. É tudo cinema. A pessoa que recebe a ligação diante das câmaras é o espectador que imagina a ação sugerida pelos diálogos. Como nós em frente à tela: queremos interferir no crime, evitar que aconteça. Mas não temos esse poder, que pertence ao cinema. Então sofremos com esse policial que tenta ajudar alguém prestes a morrer, para lavar a culpa de ter matado alguém por abuso de autoridade. É emocionante. Poderíamos também lembrar o clássico Disque M para matar, de Hitchcock de 1954, em que o crime acontece por elipse, monitorado por um assassino pelo telefone, que fala de um lugar neutro pra garantir o álibi. Cinema sobre cinema: é disso que falamos aqui. Nei Duclós IMAGEM: Jake Gyllenhal, star de O Culpado

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