28 de setembro de 2019

CAVALEIRO DE AVENTURA

Nei Duclós


Não quero, pastora, ser teu vassalo
Amarrado ao amor pela cintura
Cerzir versos no inverno da planura
Nosso campo com clima de deserto

Prefiro rasgar o chão e sonhar trigo
A ficar embevecido na beldade
Para tanto renunciei à minha cidade
Pois de festas e salões estava farto

Leio Camões em exigua biblioteca
Para ferir canções no pinho antigo
Isso depois de semear e fazer fogo
Para teu rosto iluminar parede e teto

Quanto mais perco mais pesado fico
Deveria ser o contrário disso
Estaria leve por sofrer martírios
Mas sou um xucro cavaleiro de aventura

Fui poeta agora sou mendigo
Vivo das plantas que à força medram
E para não me limitar ao esses redutos
Amo-te sem razão porque sou loucura



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