10 de maio de 2019

ENTRE OS GUARDIÕES


Nei Duclós

Sobrevivi na noite gelada
Na gruta onde velam os deuses da montanha
Foram invocados pelo fogo que acendi no altar de pedra
Com a ajuda de ervas sagradas que brotam no chão

Tinhas me abandonado lá para morrer
Pois não suportas o convívio com teus pares
Eu te escutei mas na hora de falar
Mantiveste os ouvidos fechados a chave

É inútil tentar chegar no templo onde dormi profundamente
E vi no breu desenhados pelas sombras das chamas
Um sacerdote e seus ajudantes
Todos gigantes, guardiões desse território sagrado que descobres com gestos em câmara lenta
E descreves pausadamente como quem planta um bosque invisível no deserto

O lugar onde fiquei é inacessível
A não ser que os anjos que sobrevoam as túnicas dos guardiões te ajudem
Doutor de abismos




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