2 de abril de 2019

TROVAS AVULSAS


Nei Duclós

Essa vida é uma ilusão
Essa vida é passageira
Só a infância tem razão
Só o poema é de primeira


Mandei um coração
Não precisa devolver
Não sinto falta
Ele está em boas mãos
Só não esqueça na porta
Se começar a chover

Tuas fotos não compõem
uma persona.
És múltipla conforme incide
a luz e a sombra.


nvento-me, risco na areia
que tu, maré, desmanchas
concha que abriga sereia
escuto em forma de onda


És a doçura que brota no deserto,
alimentada pela flor do meu poema.


É preciso paciência ao dizer
E humildade ao escutar
Tudo o que vem do Outro
Quando há ponte entre iguais
É uma ordem do amanhecer


Trouxe orvalho, que estava em falta. Barulho de peixe na água, para assombrar o acampamento. Estrelas cadentes, que somem em silêncio. Cavalos marinhos, que ninguém monta.

Não precisa agradecer, flor exposta na varanda.

- Pode voltar! disse ela desesperada para o motorista. Esqueci o pacote de amor na porta.

Tudo o que não presta, vinga
Tudo o que te dizem, cola
Tudo o que esperas, demora
Tudo o que perdes, não volta
Tudo o que fazes, pagas
Tudo o que esqueces, vale
Tudo o que falas, cobram
Tudo o que consegues, invejam
Tudo o que abandonas, cresce
Tudo o que aprendes, esquecem

Passei depressa pela vida
Deixei um verso como aviso
Teus olhos despertam
quando recitam

Nenhum comentário:

Postar um comentário