24 de agosto de 2017

CHANCE ÚNICA



 Nei Duclós


Somos poucos, os que restam do dilúvio
nossa arca encalhou em praia espúria
é inútil enviar sinais de vida
para um horizonte que sumiu com o dia

Temos a poesia, mas é precária a voz
diante da lua, ensanguentada e trêmula
como as nuvens que agora fazem ronda
entre pássaros que grunhem seus augúrios

A luz que tarda continua oculta nos confins
do deserto em que aportamos. Se souberes
o quanto estamos juntos, apesar dos laços
rompidos, teremos talvez a chance única

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