15 de maio de 2014

VIAGEM PELO COMEÇO



Nei Duclós

És meu estilo. Te escrevo para ter um rosto.

Chegas de surpresa com teu perfil de desenho. Rosto que agora conheço, viagem pelo começo.

Estagnamos neste jogo de espelhos. O sonho evaporou-se com o tempo. Hora de voltar à rua, onde nos debatemos.

Fui reprovado na recuperação. Cometi o mesmo erro na prova final. Já não há mais perdão. O que faço com o amor que passou de ano com distinção?

De vez em quando me respondes. Depois voltas ao grão oculto do teu sonho.

Você são várias. Curto todas.

A simplicidade e a palavra direta são atos de coragem diante da proposital confusão das poses.

Minha ausência forjou tua versão de abandono. Impossível convencer-te do contrário. Que saí de cena por estar escrito nas estrelas. Refugiei-me na constelação que te escolheu como destino e isso leva tempo

Fiquei maior depois que disseste sim para o meu sonho. Por isso me aproximo do teu ombro.

Corpo que não atinjo, prazer que não corresponde. Uma hora tropeças no poema mais torto.

Não falo amor porque a ´lã está gasta. Mas o cobertor ainda esquenta, cheia de graça.

Minha arte é ser o que não violenta. Uma espécie de passaporte para fora das planícies de chumbo.

Chegue no fogo que acendi por descuido. Queria emitir mensagens para Netuno, mas só consegui que viesses junto.

Aceite o que desejo, desde que não fira teu sonho. Sintonize a luz de um coração sem neblina.

Não pense que invado quando apenas aceno. Passo de navio pelo cais do teu sorriso.

Afinidades não são coincidências. São truques que te armaram no jogo da sedução. Atente à casualidade das identificações. Falsa, mas nem sempre malvada. É preciso achar uma brecha no teu áspero coração.

Desvencilhe-se. Dispa-se do que te define para que sejas mínima, porção intensa do teu destino.

Não sei se devia, mas já está feito. Pense o que quiser, sem defeitos.

- Chegou dez minutos atrasado para a entrevista, disse o escritor da moda.
- Foi o tempo que perdi lendo teus livros, disse o velho repórter.

Fiquei maior depois que disseste sim para o meu sonho. Por isso me aproximo do teu ombro.

Corpo que não atinjo, prazer que não corresponde. Uma hora tropeças no poema mais torto.

Não falo amor porque a ´lã está gasta. Mas o cobertor ainda esquenta, cheia de graça.

Minha arte é ser o que não violenta. Uma espécie de passaporte para fora das planícies de chumbo.

Chegue no fogo que acendi por descuido. Queria emitir mensagens para Netuno, mas só consegui que viesses junto.

Aceite o que desejo, desde que não fira teu sonho. Sintonize a luz de um coração sem neblina.

Não pense que invado quando apenas aceno. Passo de navio pelo cais do teu sorriso.

Chegas de surpresa com teu perfil de desenho. Rosto que agora conheço, viagem pelo começo.

Afinidades não são coincidências. São truques que te armaram no jogo da sedução. Atente à casualidade das identificações. Falsa, mas nem sempre malvada. É preciso achar uma brecha no teu áspero coração.

Desvencilhe-se. Dispa-se do que te define para que sejas mínima, porção intensa do teu destino.

ELA, ELE

- Foi sem querer, o verso não era para ti, disse ele.
- Tarde demais, disse ela.

- Eras melhor quando moço, disse ela.
- Como podes saber, flor recente? disse o veterano.


RETORNO - Imagem: foto de Marga Cendón.