22 de novembro de 2013

SALTIMBANCO



Nei Duclós

Tempo acumulado é fome
de mais tempo. A vida
aumenta com a idade
Intensa escassez, fonte
de esperança, ânsia
sem base

Não há adeus antes
do tempo. Entesouramos
vida breve, fraude
em mágica transparente
permanência de peles
descartáveis

Quando dizem velho
não vemos o tempo
grafitando o rosto
mas a pena do olhar
de quem fica à parte.
Devassamos pedras

Tempo é pintor
de paredes, artista
de circo, saltimbanco   
Deus, consciente,
põe a mão
em nosso ombro



RETORNO -Imagem desta edição: obra de Helder Bandarra.