15 de maio de 2013

VIESTE DEVAGARINHA



Nei Duclós

Vieste devagarinha,
como se não existisses,
debaixo de mil disfarces,
por timidez e delírio.

Me queira, sonho em cultivo,
de um outro tempo, mais firme.

Nenhum muro entre teus olhos
e os meus, refém das urzes
Nada fica impossível
quando meu braço te aninha

Esqueça o nó das tormentas
e a solidão dos minutos
deixe de lado o conjunto
do desamor em seu rumo

Decida pelo que amas
meu coração, tua ternura

A fonte é essa esperança
de te querer mais ainda
Mesmo que o tempo proteja
o jogo da ruptura

Somos teimosos, minha linda
mulher que me inventaria

Deixa que pensem, posudos
que isso não é poesia
que somos parte das pedras
rolando em praia perdida

Não nos cabe o romantismo
o amor está mais acima

O amor, porção da carne
do cérebro em alquimia
do sangue que nunca dorme
eternidade convicta

O amor, idéia absurda
que em teu seio cultivas


RETORNO - Imagem desta edição: Romy Schneider.