6 de novembro de 2012

TE RELEIO



Nei Duclós
 

Não te entendo, por isso te releio. Faço isso de propósito.

Viver sem amor não é só desperdício. É falta de sentido. É como construir um sistema solar sem a força da gravidade

Me aqueço em teu sol, belíssima.

Como podes ser tão linda, disse ele, submerso.

Me matas de tanto que és. Sobras.

Não esqueça o coração quando vieres. Sem isso não haverá o prazer que combinamos.

Me querias, cavalinha de carrossel. Passavas por mim em círculos roubando um beijo por vez.

Na última viagem, deixarás tudo na margem. Menos o amor, se por acaso cultivares. Ele é o passaporte para o que sonhaste.

Imaginei o amor, bolha de sabão. Quiseram explodir, ela escapou. Lá se foi até a nuvem que és tu.

Estavas destreinada. O beijo te trouxe de volta.

Passou se escondendo com medo que eu dissesse o que sempre digo quando te vejo. Que não há ninguém mais bela. Não consigo evitar, assombro.

Me calei para que pudéssemos respirar. Vamos ouvir o que a Lua tem a dizer

Achas que é para ti o meu poema. Eu igualmente: sinto que sorris na foto para o que eu escrevo.

Tudo meu sou eu pensando em ti.

Não tenho medo de dizer que sonho. Não uso álibis para me manter longe. Desço na arena onde os leões imperam. Lá tenho você, flor pantaneira.

Não é o olhar, a curva, o pé, o rosto. É o pacote todo: a espera, o cheiro, o sonho, a pele. O amor é bruto.

Estou com tua meia, não procure no quarto. Venha buscar, descalça.

Leve alguns versos esparsos. No meio do concerto, poderás ler o que te apronto. Não vá dar bandeira, borboleta no teto.

És pequena quando te escondes, mas teu corpo não acaba quando me encobres.

Teu fogo oculto não desperta no primeiro beijo. Precisa alguma tempo de fricção entre o amor e o desejo.

Não sou de briga, esplendor. Vê se me derruba a hora que for.

...feminina, reservas o melhor de ti para quem imaginas amar. Como abelhas no próprio mel, tua condição...

Pareceu que estavas amassada pelo olhar que emitias em minha direção naquela foto em meio ao jardim. Pressionada talvez pelo excesso de beleza que não consegues disfarçar.

O amor estava no conserto e ficou como novo. Nem notaste a diferença.


RETORNO – Imagem desta edição:  Natalie Wood.