20 de dezembro de 2009

OS MELHORES DE 2009



Desta vez, não são obrigatoriamente os melhores deste ano duro, difícil, complicado, mas o que de melhor pôde ser visto, ouvido e lido nos doze meses de provações que passamos, da crise mundial à marolinha perversa, da chuvarada aos ventos a 300 por hora. Ou seja, o que passou por aqui neste ano e merece destaque absoluto, não o que foi lançado em 2009, certo? Você verá o quanto estou por fora do que aconteceu este ano. Não faz mal. “Meu tempo é quando”, como disse Vinícius de Moraes.

BLOG

RENZO MORA - Disparado o melhor blog do ano. O escritor cool que “envelhece mal” traz de volta a idade de ouro do humor escrachado e fino, o melhor e o pior da América e tem tudo para ser visto como um Chuck Norris digital, mas ao elencar suas admirações, que vão de Frank Sinatra a David Letterman, mostra que não é bem assim. Além de Renzo, destaco todos os blogs linkados de maneira permanente aí ao lado. É uma avalanche de informações e criatividade.

JORNAL

MOMENTO DE URUGUAIANA, o jornal que me trouxe de volta o hábito de ler jornal. Com uma equipe da pesada, Ricardo Peró Job e Vera Ione Molina fazem um semanário na medida certa, reportando Uruguaiana e analisando o mundo, sem medo da internet e apostando na sobrevivência da espécie, o impresso bom e velho de guerra. O fato de alguns textos selecionados do Diário da Fonte serem publicados no Momento não interfere na seleção. Eu bem poderia me calar, como costumo fazer.

ROMANCE

OS PASSOS PERDIDOS, de Alejo Carpentier - Lançado em 1953, soeste ano mergulhei nesta obra-prima absoluta, o livro que dispensa a leitura de todos os outros. Parece exagero, mas não é. A saga do sujeito que vlta aso país Nnatal, mergulha na selva e volta para a cidade é tudo o que Garcia Márquez queria fazer, e fez – pois de ler este livro rasgou o que tinha escrito e recomeçou o Cem Anos de Solidão.

POESIA

MAR ABSOLUTO E RETRATO NATURAL, de Cecília Meireles. Dois livros reunidos num só, numa edição dos anos oitenta da Nova Fronteira, é a porta para muitos assombros. Todo gênio escreve sobre a linguagem e Cecília nos traz sua arte magnífica distribuída em paisagens e águas profundas, numa incomparável demonstração de força. Todos os outros que me perdoem, mas esta criatura é a verdadeira Poeta Maior.

CINEMA

O SONO TRANQUILO DA MALDADE, de Akira Kurosawa, ou The Bad Sleep Well, de 1960. Quase tudo o que é feito no cinema vem de Kurosawa. Entre inúmeras peças fundamentais da Sétima Arte, esta obra coloca no ralo a falsa percepção que temos dos honoráveis executivos que se “suicidam” depois de um escândalo. São assassinados. Impressionante que o mestre denunciou isso há 50 anos e o expediente maroto continua sendo usado, de fato

MÚSICA

MILES DAVIS - Sou a última criatura sobre a terra que se rendeu ao gênio. Descobri tardiamente que ele é um construtor, como o poeta João Cabral, que define seu projeto sonoro com precisão e soberba, sem dar a mínima para a vontade alheia. Não pretende emocionar e nem fala à razão. Faz música de alto calibre, que é uma coisa que nos falta nesta época de cretinicie sonora, analfabetismo melódico, burrice ruidosa etc. No video selecionado, Miles Davis e John Coltrane.

TWITTER

São muitos os destaques, mas aponto dois, fundamentais: @BrazilTour, um banho de informação sobre o Brasil para o mundo, e @tfsolomon, a atenção permanente para o que há de mais importante no noticiário internacional.

RETORNO – 1. Com este, são 408 posts só em 1989. Ao todo, o blog publicou 1934 edições. Ao mesmo tempo, meu site http://www.consciencia.org/neiduclos/ entra em nova e portentosa fase. Um luxo só, up-grade a cargo de Miguel Duclós. O site é um portal sobre assuntos diversos, abordados com criatividade e profundidade. Um enciclopédia pessoal on line. Mais de 600 textos, entre artigos, poemas, ensaios, trabalhos acadêmicos, resenhas etc. 2. Um recado para meu amigo Dauro Veras: fiz minhas opções para 2009 esses dias e deixei o texto acima pronto, sem publicar. Fiquei gratificado com a coincidência do enfoque, pois você também destacou o que viu no cinema este ano, sem se ater aos lançamentos. Muito bom.

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