4 de outubro de 2005

A MANIPULAÇÃO DO REFERENDO



Obrigar quem é contra a campanha do governo para o desarmamento a votar Não revela o quanto este referendo está sendo manipulado. Fazer campanha do Sim é lidar com a ilusão do pensamento positivo, para cima, fora do baixo astral do Não. A pergunta deveria ser: Você é a favor do comércio de arma de fogo? A Rede Globo entrou com tudo para legalizar a expropriação da legítima defesa da população honesta. Todas as suas estrelas fazem piruetas com a palavra Sim (a favor do desarmamento), pontuadas por depoimentos falsos, de uma seriedade vazia de fazer dó. É tudo uma enrolação, pois não pode haver tamanho consenso. Dá para ver que é tudo arranjado. Aí entram as pesquisas de opinião, que sabemos para que servem, garantindo que 76 por cento dos entrevistados são pelo Sim. Claro que não pesquisaram o grande interior, os grotões, onde possuir uma arma é a diferença entre uma vida digna e uma vida escrava.

BOI - A Veja entrou na parada a favor do Não, a favor do óbvio. O que há por trás do referendo? O medo da ditadura civil de ser derrubada do poder. Foi o que aconteceu em 1930, quando o povo armado (cem mil voluntários civis, só no RS) derrubou a longa ditadura da República Velha. Eles também querem dispor das nossas vidas como bem entendem. Desarmado, você fica na mão de todas as quadrilhas, que dominam o país. Elas já fazem gato e sapato de você, mas têm medo, querem garantia total. E usam a boa fé das pessoas que moram nas metrópoles para distorcer tudo. Nada vão fazer contra os bandidos, que continuarão armados e, depois do referendo, vão se locupletar vendendo mais armas ilegais. E os seguranças, ficarão sem armas? Eles formam um exército maior do que as forças armadas estaduais. É como proibir o álcool em nome da paz e da moralidade. Gerou os gângsters. Quando a lei seca foi derrubada, o que fazer com aquele enorme contingente de policiais que estavam empregados? Proibiu-se a maconha, e as drogas hoje, proibidas, viraram o maior comércio do mundo. Proíbe-se o corte de araucárias. Estão sumindo, pois quem tem araucária na sua propriedade derruba tudo, no escuro, sem que ninguém veja ou fiscalize, já que é proibido. Qual o animal que mais prolifera? O boi, que é legal, enquanto a os bichos pretensamente protegidos viram pó. Liberar significa trabalhar com a responsabilidade dos cidadãos e evitar o grande desperdício que é o comércio gigantesco da ilegalidade. Bandido adora proibição. Gente honesta quer ter liberdade, porque se garante. Ninguém que seja honesto vai sair por aí atirando. A posse de uma arma é a garantia contra quem entra na sua casa impunemente. Minha arma é outra: fé em Deus e a minha palavra. Mas quem precisa ter, deve ter.

PURO PAMPA - Meu pai respeitava a época da proibição da caça. Quando abria a temporada, ele saía a campo para caçar perdiz. Trazia algumas para casa, que viravam escabeche, para comer como aperitivo (ou iam direto para o forno ou a panela). Tínhamos armas calibre 12 e 32, pistolas e revólveres. Aprendi a atirar ainda com nove anos de idade. Mirava em latas de goiabada. Sempre errava. Nunca soube atirar nem vou aprender. Mas me insurjo contra essa palhaçada deste governo perigoso, que quer desviar as águas do São Francisco (no lugar de erradicar a seca, vai promover a seca onde tem rio hoje) e quer mais centrais nucleares (porque é irresponsável, tão irresponsável que importa pneu velho do primeiro mundo). Fiz um poema que mais tarde foi musicado por Muts Weyrauch, que diz assim: Pudera ser minha vida como um campo de caça/ sem arestas, puro pampa/ Onde vale a sabedoria, a atenção e o relâmpago/ Onde o silêncio é uma lição/ que está no sangue/ Pudera ser minha vida/ tão limpa quanto os arroios/ olhados à distância/ sem esta armadilha/ onde a mentira arma o escândalo.

BANG BANG - Uma coisa me invoca: em plena campanha, a Globo vem com uma novela chamada Bang Bang, onde, só no primeiro capítulo, correu bala adoidado. Imaginem os pioneiros desarmados, na mão dos ladrões de gado e assaltantes. Por isso diga Não. Vote Não. Pela paz, na diferença. Contra a manipulação. Pela dignidade e a honra.

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