15 de novembro de 2024

CONVITE

 Nei Duclós 


Não posso ir a lugar nenhum 

O mundo não tem o que eu preciso

Que só acho aqui onde me visto

Com as roupas antigas sem registro

Além do alumínio e a porcelana 

Os tijolos nos canteiros do jardim 


Nos atos da criação que me pertence

Sou refém do que uso nos limites 

Arbustos, roseira e grama ruim

Casa de alvenaria que comprei

Quando tive recursos para tanto

Numa rua escondida e sem encanto 

Jogadores de bola no portão 


Fecho todo dia este porão 

E reabro quando chega a primavera

Um só verso faço por segundo

Teimosia do ogro veterano


Já fui moço como a poesia

Hoje caço a mesma fantasia

Venha ver o esforço de um ofício 

Esta obra com a letra de um convite


Nei Duclós

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