Nei Duclós
Sei o que sentes
Pelos sinais que deixas
Um beijo prudente
Um olhar desatento
Um cheiro que prende
Um balanço na rede
Sei o que aprendo
Contigo ao relento
Nei Duclós
Blog de Nei Duclós. Jornalismo. Poesia. Literatura. Televisão. Cinema. Crítica. Livros. Cultura. Política. Esportes. História.
Nei Duclós
Sei o que sentes
Pelos sinais que deixas
Um beijo prudente
Um olhar desatento
Um cheiro que prende
Um balanço na rede
Sei o que aprendo
Contigo ao relento
Nei Duclós
Lembrei de tu quand9 havia tempo
E pescavamos no rio que hoje eh uma avenida
Fechei o cerco da vida sobre ti
Sobrevivi
Fisgado para sempre pelo rompimento que se abateu em mim
Nei Duclós
A biografia perde substância
E vira uma resma de papel
Diante da vassoura
Encontras enfim a verdade
E ela também não tem valor
O que vale eh ter nascido implume
Entte espinhos
E aprendido a voar
A toa
Nei Duclós
Já tomei o meu remédio
Já fiz minha oração
Deitei agora na cama
Do quarto a meia luz
Ainda tenho esperança
Estrela que me carrega
O coração não sossega
Teu rosto na escuridão
O sentimento me cega
Sabe que não tem razão
Debaixo de mil cobertas
V8ajo em tua direção
Nei Duclós
Claro que podes me trocar por outro amor
Não vou interferir
Com gritos ou silencio
Serei tua oculta dor
Flor sem serventia
Cacto no jardim
Lembrarás de mim
Quando a chuva torrencial
Inundar teu leito nupcial
Nei Duclós
Não tenho mais poesia para te oferecer
Ultrapassei a cota
E da tua fuga restou este amargo amor sem futuro
Que se mistura aos restos de peixe nas dunas
Es a barca que vislumbro da praia
Rumo ao esquecimento
Mas tenho a memória do teu corpo
Em meus braços vazios
Nei Duclós
s
A dor que sinto não eh fingimento
Eh um fato, e não consenso
Depende da posição
de quem esta fora ou dentro
Não repetir palavras em tantos poemas
Ser sincero
Dizer para valer na contracorrente
Ter desvantagem em alto preço
Mesmo que doa
Nos nervos do verso
Nei Duclós
Trago de outras vidas
Os mistérios e as dúvidas
Os dons e as dividas
A vocação lírica
A flor da poesia
Nascemos prontos na fabrica divina
Como fruto vindo da flor
Óbvia disciplina
Nei Duclós
Tomei café na hora certa
Antes da aurora
Quando o sol oculto espia pela porta
E o corpo precisa de uma sacudida
Enquanto dormes
No coração dos pássaros
Nei Duclós
Nei Duclós
Estão todos presos
Por não confirmarem meu pessimismo
Pela surpresa solidária no abismo
Quando eu menos esperava
No mundo em carne viva
Estão todos presos
Na cadeia de amor que eu não via
Por achar que tudo estava perdido
O sol o mar a saude a vida
Enquanto vocês pacientemente construíam
Um novo lugar chamado convite
Venha, me disseram
Somos teus amigos, tuas amigas
Por isso prendo cada um(a) de vocês
Abuso de esperança
No meu coração e no meu espirito
Nei Duclós
Não toca em você meu desejo
Estás acima em cenário de deusa
Não por ser inacessível, remota estrela
Mas porque pões no chinelo
O que posso ser como teu amante
Estou sem a fonte do poema que por sorte
Poderá te trazer, divina mestra
Do amor que desperdiço
Meu anônimo lixo
Recolhido pela Lua
Que avisou: eu não te disse?
Nei Duclós
Nei Duclos
Declarei ⁷meu amor, mas não devia
Melhor ficar só na minha
Estalagmite
Que na gruta pende em riste do teto para o piso coberto
de ametistas que são minhas lágrimas de esmeraldas
Pelo tempo transcorrido
Felicidade e medo sem sossego
Vento frio no corpo tímido
Nei Duclos
Poucas pessoas me sustentam
Não ando no andor, não ocupo templo
Vivo do que sou, E do que faço me alimento
Chamam de poema, mas é ao certo
Oração da alma em comunhão com o Tempo
Tenho essa missão, que trago de berço
Mãe católica e pai da pesca
Numa cidade que gerou o pampa
E tem busto de bronze de poetas na praça
Dos conterrâneos sou exemplar avulso
Cedo migrei para muito longe
Aqui mesmo, onde o coração é ponte
Volto menino em corpo veterano
Às calçadas que desaguam no rio
A natureza é minha fonte
A palavra, o que me alça voo
Nei Duclós
Tudo mudou.
Menos nós,
pedras lisas na beira do rio do tempo
Nas enchentes, peixes e sereias nos visitam
Passando suas linguas furta-cor
Em nossa pele de alabastro
Depois brilhamos ao sol
Aguardando os pés das moças do subúrbio
Nei Duclós
Se puede morir quantas veces se quiera
Cuando se esta vivo, por motivo qualquiera
En las canciones o la literatura
En la mesa de bar o en amores perdidos
Pero siempre habra la vantaja
de tales emociones salir vivo
Eso no sirve si la muerte misma
Dale su mortal golpe en la vida
No se puede llorar como se llora
Antes de un café
No se puede morir sin vivir el peligro
De la pura muerte
De la muerte misma
Nei Duclós
Naquele tempo a terra era plana
Forma necessária para sustentar os gigantes
Que eram a imagem e semelhança de Deus
Os gigantes viviam mil anos
Como revela a Bíblia sobre a idade de Adão
Tinham tempo para formatar montanhas e deslizar cachoeiras eternas em pedras lisas para os banhistas
Fizeram templos e monumentos
Pirâmides e esfinges
Tinham tanto poder que desafiaram o Criador
Construindo a torre de Babel, o Hmalaia
Por isso foram destruídos
E substituídos por nós
Que moramos numa esfera
Para não nos sentir tão seguros
Nei Duclós
É prudente o passo que reatamos
Ainda não é laço, mas lasseou a ruptura
Azeitar o contorno de ser mais próximo
Contornar a herança deste exilio
Não repetir os erros, baixar a guarda
Lembrar o leve toque entre os dedos
Único vínculo que não é um fardo
Servir de ponte quando a dor inunda
Passear no campo, com os personagens
deste oficio insano, a literatura
Farejar a flor que morre no crepúsculo
Dar-se as mãos, sonhando com o futuro
Nei Duclós
Depois de uma cerveja Deus criou o mundo
Começou com o bar e fez a rua
O bairro suspeito, o casario decente
O centro com igreja e tudo
Quando o mundo ficou pronto ele descanso num banco de praça
Que tinha esquecido de criar
Mas os anjos cuidaram de colocar canteiros
E estátuas bebedouro balanço gangorra e um espaço de areia para crianças
Jamais ocorrera a Deus, boêmio
Que o mundo teria praça
Para saudar o sol
E curar a ressaca da cerveja
Nei Duclós
Propor charadas para capturar a essência do poema
Não passa de medo de expor-se
Diante da nudez da palavra
E sentir vergonha alheia como se ela fosse tua amante feia
Não chute a palavra
Que ela é feita de pedra
E a única coisa capaz de decifarr os segredos da tua vanguarda
Que é celebrada como se não precisassem da letra e de todo o impulso silábico