Nei Duclós
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E diga força ou meus sentimentos
E agradeça e proponha adicione ou bloqueie
permanecerá o enigma
És a sombra do que dizes
Blog de Nei Duclós. Jornalismo. Poesia. Literatura. Televisão. Cinema. Crítica. Livros. Cultura. Política. Esportes. História.
Nei Duclós
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És a sombra do que dizes
Nei Duclós
Pedi um amor para a Lua
Ela ficou de pensar
Toda noite te insinuas
Nas sombras do meu olhar
Seu tempo já foi embora
Disse alguém lá por de trás
Perdeste o trem e a hora
Agora não serves mais
Mas continuo presente
Nas viagens de alto mar
Sereias são confidentes
Dos teus segredos de amar
Pedi um amor para a Lua
Ela ficou de pensar
Mas por ciúmes não te avisa
Que estou louco para voltar
Nei Duclós
Repartir a palavra
Não em sílabas
Mas em quem a multiplica
Intacta, distribuída
Pela colheita infinita
Trigo que se recicla
Na fome desassistida
Não é o pão que consome
Mas o amor que pega firme
Nei Duclós
Vejo você, pequena
Que nas fotos desconheço
Vestido simples em sala sóbria
A sorrir baixinho antes que acordem
Batom sem brilho, cabelo frente ao espelho
Não sai de casa a não ser quando há Lua
Olha para o céu e murmura que ainda é dia
Eu sinto as palavras que projetas obscura
Somos amantes nesta pandemia
Fazemos amor, eu na cama impura
Onde fantasio nossa entrega
E tu, cabeça mas nuvens
A sonhar comigo, desejo sem limite
Suja de terra e purpurina
Nei Duclós
Derrubamos as últimas paredes desta prisão hedionda
Teu corpo desmoronou com estrondo de orgasmo
Restamos em ruínas de um prazer tonto
O que fazer do amor, bicho teimoso
A esconder-se nos matagais deste sonho?
Nei Duclós
Éramos moços
Adotados pelo Tempo
Pai emprestado
Que nos fazia as vontades
Ficamos mal acostumados
A uma falsa eternidade
Achamos que podíamos alcançar o Tempo e seu poder
Mas estamos órfãos, adultos datados
Hoje o Tempo é apenas um velho
Não cuida de nós, impõe
limites da idade na terra insuportável
De moço temos nosso ofício
Arma que nos mantém acesos
No fogo da arte
Nei Duclós
Estou aqui de novo ao pé da cama
Não tenho para onde ir, cruzar fronteiras
Sala copa quarto varanda
E o tempo repetido no seu drama
Sonhei com o futuro e ele se recolhe
Como um cão numa caixa de papelão
Enquanto a dor se derrama
Num funeral sem orações
Estou aqui de novo
Acenda a luz, me faça companhia
Juntos poderemos mudar o destino?
Já que ele não é Deus será dobrado
Como vergam os trigais antes do grão
Nei Duclós
A palavra perfeita é mais que perfeita
É feita de luz, equilíbrio e beleza
Postura de voz colocada no jeito
Notas e acordes, canção de repente
Cantas de pé no salão sem espelhos
És de um tempo de paz, vida contente
Tua saia plissê, blusa transparente
Eu escuto no sonho, profundo concerto
Nei Duclós
Não se aproxime, vivo sozinho
Acostumei o dia ao espinho
Posso ferir, por não ser humano
Nem fazer parte de plantas ou bicho
Nasci numa lua de remoto capricho
E fui despejado em tosca planície
Caço nas noites de chuva e granizo
Afio as garras em falsos sorrisos
Nem chegue perto, amor que eu preciso
Nei Duclós
Você sabe que é mentira
Assim mesmo navega
No mar antes da treva
No amor que o tempo não nega
Sabes, mas não te flagram
Acham que o mundo te cega
Que és feita apenas de entrega
Que desconheces a terra
Mas é teu jeito de fera
Teu passo de puma alerta
Teu bote oculto na relva
Verdades não tiram férias
Trabalham mesmo que finjam
Derrubam quando te quebram