NÃO PASSO EM VÃO
Nei Duclós
Não passo em vão
Não estou aqui para olhar o desfile
Vim ver a multidão
Vim encontrar meus amigos
acertar uma ponte
com a minha geração
E se um dia perguntarem
onde estava
quando o mundo explodiu
eu responderei:
a minha rua
era o centro do furacão
(Do Livro No Meio da Rua, L&PM Editores, 1980)
Blog de Nei Duclós. Jornalismo. Poesia. Literatura. Televisão. Cinema. Crítica. Livros. Cultura. Política. Esportes. História.
27 de fevereiro de 2003
25 de fevereiro de 2003
GAUDÉRIO
GAUDÉRIO
Nei Duclós
Retrato de vagabundo
sou escritor estradeiro
passageiro em Gotham City
peão das letras
Escrevo por ser escravo
de uma possível colheita
que me faça companheiro
do gaudério da lenda
Conheço os heróis de nome
mas prefiro as estrelas
Debaixo do céu noturno
sinto medo
(Do livro No Mar Veremos, Editora Globo, 2001)
Nei Duclós
Retrato de vagabundo
sou escritor estradeiro
passageiro em Gotham City
peão das letras
Escrevo por ser escravo
de uma possível colheita
que me faça companheiro
do gaudério da lenda
Conheço os heróis de nome
mas prefiro as estrelas
Debaixo do céu noturno
sinto medo
(Do livro No Mar Veremos, Editora Globo, 2001)
DUELO
DUELO
Nei Duclós
Enfrentei as cidades
de cabeça erguida
e enquanto tive vida
eles aproveitaram
Porque assim fiz a guerra
apenas mostrando a cara
sem nunca cobrar a conta
sem nunca sacar a faca
Cortando todos os laços
e saindo porta afora
Eu não ilumino a estrada
para os que sonham com a morte
nem faço fogo na noite
para espantar as estrelas
O canto é o meu gesto de violência
(Do livro No Mar Veremos, Editora Globo, 2001)
Nei Duclós
Enfrentei as cidades
de cabeça erguida
e enquanto tive vida
eles aproveitaram
Porque assim fiz a guerra
apenas mostrando a cara
sem nunca cobrar a conta
sem nunca sacar a faca
Cortando todos os laços
e saindo porta afora
Eu não ilumino a estrada
para os que sonham com a morte
nem faço fogo na noite
para espantar as estrelas
O canto é o meu gesto de violência
(Do livro No Mar Veremos, Editora Globo, 2001)
19 de fevereiro de 2003
MAR DOS NOVE ANOS
Nei Duclós
O mar na minha infância
como um trem no sonho de um louco
um disco voador na porta dos fundos
como o fim do mundo
com ondas voltando de viagem
O mar como um desastre
como um avião que cai no mar
O mar como nunca
verde-claro com rendas de espuma
a dois passos de mim
como um trunfo, um presente
a ser guardado para sempre
um bloco de anotações
um lenço dobrado
Como pássaro de sal com plumas de água
o mar levantou vôo na memória
como as pandorgas
que se enforcam nos fios
Aquele mar se afogou no tempo
escapou das mãos como um peixe pequeno
(Do livro Outubro, IEL/RS, A Nação, 1975)
O mar na minha infância
como um trem no sonho de um louco
um disco voador na porta dos fundos
como o fim do mundo
com ondas voltando de viagem
O mar como um desastre
como um avião que cai no mar
O mar como nunca
verde-claro com rendas de espuma
a dois passos de mim
como um trunfo, um presente
a ser guardado para sempre
um bloco de anotações
um lenço dobrado
Como pássaro de sal com plumas de água
o mar levantou vôo na memória
como as pandorgas
que se enforcam nos fios
Aquele mar se afogou no tempo
escapou das mãos como um peixe pequeno
(Do livro Outubro, IEL/RS, A Nação, 1975)
15 de fevereiro de 2003
LIMPAR O POEMA
Nei Duclós
Cortar o nó do poema
com força e delicadeza
para que todos aprendam
antes que a noite aconteça
Armá-lo como um guerreiro
dos pés até os dentes
e que saibam de longe
por quem está combatendo
Para que o povo o suspenda
nos ombros, como um eleito
e seja seu companheiro
na vitória e na falência
Deixar que fale alto
sem vizinhos que o repreendam
e corra pelas sarjetas
como automóvel sem freios
Que não esconda a violência
nem tenha voz de inocente
e seja um duro instrumento
com ataques de surpresa
Soltar o poema
e desvendar seu segredo
para que o mundo o receba
(Do Livo, Outubro, IEL/RS/A Nação, 1975)
Cortar o nó do poema
com força e delicadeza
para que todos aprendam
antes que a noite aconteça
Armá-lo como um guerreiro
dos pés até os dentes
e que saibam de longe
por quem está combatendo
Para que o povo o suspenda
nos ombros, como um eleito
e seja seu companheiro
na vitória e na falência
Deixar que fale alto
sem vizinhos que o repreendam
e corra pelas sarjetas
como automóvel sem freios
Que não esconda a violência
nem tenha voz de inocente
e seja um duro instrumento
com ataques de surpresa
Soltar o poema
e desvendar seu segredo
para que o mundo o receba
(Do Livo, Outubro, IEL/RS/A Nação, 1975)
11 de fevereiro de 2003
UMA CARTA SEM DATA
Nei Duclós
Uma carta sem data
nem cidades no alto da página
nem corredor de saudade
sem queixas, declarações, recados
sem relatórios de viagem
Uma carta bilhete, apressada
extensa, cheia de baixos
com poucos momentos
de inspiração aos saltos
como conversa de bar
Uma carta sem dó de nada
onde se joga o futuro
e o passado se salva
Poema presente, com laço
anzol e faca. paulada
(Do livro Outubro, IEL/Ed. A Nação, 1975)
Uma carta sem data
nem cidades no alto da página
nem corredor de saudade
sem queixas, declarações, recados
sem relatórios de viagem
Uma carta bilhete, apressada
extensa, cheia de baixos
com poucos momentos
de inspiração aos saltos
como conversa de bar
Uma carta sem dó de nada
onde se joga o futuro
e o passado se salva
Poema presente, com laço
anzol e faca. paulada
(Do livro Outubro, IEL/Ed. A Nação, 1975)
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