Nei Duclós
Bichos são a consciência da terra
a parte mais frágil, sua quimera
o sonho ancestral, a sementeira
pulso de vulcão sob o aquário
Ciência abissal, que se perdera
entre nós, brilha em sua forma
nas criaturas sem mal, modelo
em lenta comunhão com a pedra
Tidos como brutos, são a fineza
de comportamentos extremos
sobreviver, mudar para aportar
incólumes ao final dos tempos
Uma cultura de bicos espichados
ninhos comestíveis, focinhos
que adivinham além do cheiro
e asas, nossa emplumada inveja
Do condor à coruja, voragem
da criação, extinção provisória
se preservam em anos luz
cosmo que joga cabra cega
Bichos, constelação interna
chance para o humano reduto
jaula aberta fora da ferrugem
fera sem o jugo, lúcido abrigo
RETORNO - Imagem desta edição: Mario Zavagli.
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