Nei Duclós
Alguém me deu voz de prisão
Não sei quem foi, mas estou preso
Não saio da cela e perdi todos os amigos
Achei que estava morto
Mas as contas não param de chegar
Já escrevi longas cartas para as autoridades
Mas não obtive resposta ou talvez nem foram entregues
Por isso diminuí o volume dos meus recados
E espalho papéis entre os pássaros que buscam comida que não tenho
Lamento tamanho desperdício
Não escrevi o romance da minha geração
Fiquei proscrito no poema
Que é uma forma de oração
Rezo todos os dias pela liberdade
Do meu país, da minha cidade
Alguém me diga o dia que poderei ir embora
Longe de quem me prendeu
E esqueceu as chaves
Nei Duclós