14 de janeiro de 2012

CHAMA


Nei Duclós

Não quero mais o verso, amor
que ele machuca, melhor o soco.
É mais direto. Ou a indiferença.
Dessa doença encomendei a cura

Basta um desencontro, o adeus
para voltarmos ao normal da criatura
Não sentir para que haja compostura
e ninguém sofra além do já forjado

Tenho cajado, pastora, na montanha
apascento o gado e ordenho a Lua
não preciso de ti, memória de uma tarde

Sou a solidão do mal que se acostuma
ao crime de ficar avesso à vida humana
nego minha carne e choro por tua chama


RETORNO - Imagem desta edição: Eugene de Blaas

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