16 de setembro de 2011

PREVISÃO DO TEMPO



Nei Duclós


Quebrou-se o vidro do exaustor
e a dor sobrou para todo lado
do teu sol, quadro pendurado
como flor artificial no alto teto
do amor posto em pressão

Tufão que devasta teu calor
reservado no serão que o som
da palavra apronta no segredo,
vilão do nosso sonho, guardião
de um futuro ainda implume

Surra de emoção que te desgarra
nos confins de um leste bruto
e eu, crepúsculo a anunciar a noite
em que estaremos juntos, sobro
como o dia no ângelus mortiço

Antro de comunhão sem data
para acontecer a pleno, como vela
solta no convés em dia de feriado
em que a tripulação deixou o cais
e varre a lonjura dos pomares

Pomo de confusão colhida no sítio
onde devíamos repousar, em vão
porque somos só conflito
na carne de gozo prometido
Cama que tarda, mas está escrita



RETORNO - Imagem desta edição: magnífica foto do fotógrafo maior da fronteira, Anderson Petroceli, que tirei daqui, o blog que tem link permanente aqui ao lado do Diário da Fonte.

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