4 de dezembro de 2009

A DITADURA BUSCA UMA SAÍDA


Três frases deste Diário da Fonte no dia 2 de dezembro: “As denúncias migram de partido, uma mão lava a outra e o sistema continua intacto, com o mesmo tipo de prática, pois assim foi concebido para funcionar. O novo mensalão fecha o ciclo, pois se situa no coração do sistema. Está confirmada a situação trágica em que todo um sistema político foi engendrado para sugar e desviar os recursos da nação. (A imagem fala por nós).

Agora as frases publicadas dois dias depois, dia 4/12, no blog do jornalista Luis Nassif: “Os episódio envolvendo o governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (DEM) completa o quadro da política brasileira. Significa que o governo federal é diferente do governo do DF ou de São Paulo? Não, em absoluto. Significa que, no modelo político atual, todos são iguais. A tendência é tudo isso virar escândalo. O que obrigará, em breve, a mudanças no modelo político. (A corrupção intrínseca do modelo político)


Que o mensalão do DEM “completa o quadro” já tínhamos dito ao escrever antes que o escândalo “fecha o ciclo”. Que “todos são iguais” já tínhamos dito quando escrevemos que “uma mão lava a outra e o sistema continua intacto”. E que “mudanças no modelo político brasileiro” são inevitáveis a partir da constatação aqui de que o “sistema político foi engendrado para sugar e desviar os recursos da nação”. As coincidências editoriais são gritantes, sinal de que tudo ficou claro mesmo para quem não compartilhava com a desesperança diante da ditadura não reconhecida.

As contradições e o desmascaramento do sistema levarão obrigatoriamente a mudanças. Vamos imaginar que tipo de mudança. De repente, o pessoal se reúne e decreta: “Ei, temos de mudar, não dá mais. A propinagem está acabando com a boca, temos que dar um basta nisso tudo diante da grita geral.” Ou então todos se sentam num banquinho e fazem aquele gesto do Pensador, de Rodin (foto) e começam a repensar o sistema.

Sabemos que não funciona assim. O modelo vai se sustentar enquanto houver chance de roubar. Para isso foi feito. Não se trata de um modelo que tinha tudo para dar certo e se esgotou. Foi um sistema concebido para regar com o dinheiro público as gangs que disputam o butim. Para isso expulsaram os militares e geraram a Constituição frankestein. Os militares, que no início ajudaram, com seu projeto megalômano de poder, estavam atrapalhando a roubalheira, instituída no momento em que a democracia foi derrotada, em abril de 1964. Com censura, tortura e violência, a sacanagem se disseminou.

Mas aí o negócio começou a fazer água, então eles anistiaram os torturadores, chamaram os retornados, incluíram novos agentes na disputa da bufunfa, deram um jeito em figuras respeitáveis, anularam velhas lideranças sobreviventes e tocaram para frente. Deu para roubar mais 25 anos. Agora fedeu de novo. Mas não é mais possível voltar atrás. Então existem algumas alternativas, já pensadas antes.

Quando o tucanato estava no comando, tinha o Sergio Motta, que imaginava ficar no poder por décadas. Ele era o Dirceu-Dilma dos bicudos, só que alfabetizado. Mas morreu, o PSDB perdeu e entrou o PT, que pretende ficar para sempre. O novo modelo político poderá ser o pesadelo de um país aparelhado pela brutalidade petista e seus aliados, unido aos piores ditadores do planeta e extraindo petróleo das profundezas do reino de Hades para emporcalhar o belo litoral brasileiro. Outra alternativa é a volta do tucanato, o que reacomodará as forças e permitirá uma sobrevida ao modelo. Ou então as rupturas. Um golpe de direita, um golpe da pseudo esquerda ou um auto-aniquilamento geral da nação.

Quando poderemos virar uma Ruanda, em que milhões saem armados de facão nas ruas a massacrar “baratas”, ou seja, adversários. Golbery dizia que precisava fazer a distensão, pois havia o risco de a cabeça de todos ir parar num poste. O esquema que ele bolou funcionou. Agora chegou ao limite. Mas certamente não será com repensamentos ou editoriais que vai mudar. Muda na mobilização, na pressão, na manifestação livre das idéias e análises, ou no muque, como sempre. Ou então fica essa agonia até o fim dos tempos, com o Brasil sendo devorado por sua incapacidade de reagir.

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