10 de setembro de 2012

QUANDO SOPRA O VENTO LESTE



Nei Duclós
 

Sou um dos contemporâneos. Parte do mesmo sonho.
Não me acuse de vaidade por ter me tornado humano.

Moramos no mesmo verso. Vizinhos de carne e osso.
Virtuais quando sopra o Leste. Reais quando vens no colo

Não fuja desta cabana, que com as mãos construímos,
paredes de pau a pique, varandas de Lua Cheia.

Esse amor não nos pertence, por isso não há batismo,
é um evento bizarro, no cosmo sem cabimento.

Quando pensares no adeus, verás que não há arreglo,
a rede não admite ficar vazia de peixe.

Pode chamar de destino o que tanto nos separa,
 é o amor mais sincero de um grude visto do avesso.

Prometo dizer te amo, toda vez que houver Vésper.
Vou cumprir cada convênio que assinei com nosso acordo

Nem pense em cair de banda, que eu tocarei o alerta,
cem galgos no teu encalço, mil rastreadores atentos.

Não passa nem em cem anos, o que sentimos tão cedo,
te levarei para longe, onde seremos amantes.

O poema é pura entrega, na porta fechada sempre,
é a certeza de uma vida, no coração que não cede.

Demoras para atender, o coração é um viajante,
que chega de madrugada, pedindo espaço na cama.

Trovei apenas por vício, pensei em minha defesa,
riste de mim de preguiça, me conheces de tão linda.

Juro que não queria te amar como um siderado,
mas o que fazer com Cupido, e sua folha corrida?

Agora que já está dito, venha para a calçada,
mesmo com chuva me beije, amor que não mais me escapa.