4 de setembro de 2012

SUSPEITO



Nei Duclós

Sou suspeito. Deixei-me dominar pelo amor, crime perfeito.

Toda crítica procede. Eu canto mesmo a criatura de jade, a persona que abres com teu molho de chaves.

Eu peguei a mão das fadas. Elas suspiram quando faço arte. Depois me soltam, convocadas pela tempestade.

Me ensinas quando te deixo. Aprendo a voltar correndo.

Tens um compromisso no cais do porto. Venha buscar teu peregrino. Ele andou meio mundo pensando em te dar colo.

Quando me arrependi fiquei de joelhos. Quando tive razão te dei um beijo.

Sou barco a remo. Cruzei o mar com teu nome no bolso.

Fique tranquila. Parto para onde venho. Fujo para quem me encontra.

Sou do vento. Inflo tuas velas, amor sem medo.

Só capturo quem consente. No fundo, sou eu quem fica na rede.

Você some nas dobras do tempo. De vez em quando assoma, flor do encanto

Tenho fé na força do verbo, a que inaugura espaços, de todos os tamanhos.

Bem no ponto, onde há o toque. Mesmo que não toque de fato, apenas chegue.

Tudo se encaixa, fada. Trajeto sem farsa. Quarto destruído.

Passeie enquanto é tempo. Na volta, não terás recreio. Preparei uma dose do que chamas veneno e é apenas o doce que verte do teu beijo.

Nosso amor será mudo, para não haver briga. Na língua do beijo.

A paz vem depois do xeque-mate, quando o amor entra no acordo.

Chanceler da Rainha, a poesia, aportei no deserto da nação recém fundada. Fui recebido por balas no meio da conversa. Acorreu-me a musa, que estava por perto.

Venha que eu quero. Queira que eu pouso. Voe que eu sonho com teu aperto.

Eu tinha desistido. Mas você me mostrou o tempo que seria dedicado ao desamor.



RETORNO - Imagem desta edição: Cameron Diaz.