12 de setembro de 2012

REDOMA

Nei Duclós

Faz tempo. As lembranças se misturam.
Rostos, cabelos, beijos. No fim, tudo
é abandono. Ficam os poemas,

restos de feira a exalar perfumes

Sonetos jogados pelos cantos
brilhos de amores que se foram
ou apenas fantasias que nos sugam
já que não amamos, apenas somos

Não passamos de insones criaturas
em eternas oficinas que machucam
Forjas de acenos, esteiras de corpos

Sobras em Cupido, deus numa redoma
que se diverte flechando sonho alheio
já que é solitário, nunca se apaixona



RETORNO - Imagem desta edição: Leonilla , Princess of Sayn-Wittgenstein , obra de Franz Xaver Winterhalter.