20 de outubro de 2009

GANHAR TEMPO


Nei Duclós (*)

Teorias novas levam um tempo para se instalar no discurso de massa, mas depois que pegam não saem mais da moda. Principalmente se o conjunto de idéias pode ser sintetizado numa palavra de impacto, como relativizar.

Foi preciso desestabilizar as percepções consagradas nas ciências humanas para instaurar enfoques inéditos sobre eventos passados ou acontecimentos emergentes, que desafiam nossa capacidade de análise. Por exemplo: quando todos estavam convencidos que a História era uma sucessão de feitos militares heróicos, a abordagem específica do que era deixado de lado subverteu os velhos manuais. Quando todos achavam que os fatos eram incontestáveis, os mestres apontaram para a impossibilidade de abarcarmos o real apenas com nossa vista cansada.

Mas como todo mundo relativiza a toda hora, perdeu-se a responsabilidade pelo excesso de uso, que acaba beneficiando o jogo bruto de interesses. Hoje, relativizar é negar tudo, principalmente as evidências, quando deveria ser apenas o recurso de afastar o olho para enxergar melhor. O óbvio foi expulso do seu status de consenso. Perde-se tempo e dinheiro em pesquisas que provam que o leite faz bem, por exemplo, ou que, respirando, a pessoa sobrevive.

Se um grupo de pessoas pratica assalto e roubo em nome da justiça social, a nova onda diz que isso pode, pois o alvo do crime também exerceria o mesmo tipo de prática. Essa influência no cabo de guerra da política coloca o relativismo na agenda do dia, ainda mais que nos aproximamos de uma campanha eleitoral decisiva. A propaganda partidária é o paraíso do relativismo. Tudo pode ser, desde que se faça a expressão certa e se adote o tom adequada da voz.

Para ganhar tempo, o cidadão deve voltar-se aos conceitos clássicos e redescobrir o sabor da leitura proveitosa. A batida opção de levar um livro para uma ilha deserta, no fundo, quer dizer o seguinte: precisamos ler o que vale a pena sem a tralha que o envolve, sem o cerco dos autores coadjuvantes. Ter os olhos livres diante das palavras arduamente elaboradas é gerar, dentro de si, os instrumentos necessários para enfrentar todo tipo de manipulação.

Aí, sim, poderemos relativizar. Ou seja, colocar no seu devido lugar as certezas comercializadas em função do assalto aos tesouros nacionais.

RETORNO - 1. Imagem desta edição: praça de Amsterdam, foto de Daniel Duclós. 2. (*) Crônica publicada nesta terça-feira, dia 20 de outubro de 2009, no caderno Variedades, do Diário Catarinense.

SAGARANA NÚMERO 37 HOMENAGEIA FERLINGHETTI

Mensagem de Julio Monteiro Martins, da Italia: "Cari amici e amiche, siamo lieti di annunciarvi che, a partire da oggi, potrete consultare il numero 37 della Rivista Sagarana. Questo numero è l’edizione speciale commemorativa del 9° anniversario della rivista, con un’intervista esclusiva per Sagarana del grande poeta statunitense Lawrence Ferlinghetti: a lui, ai suoi 90 anni appena compiuti, è dedicata questa edizione.

L’Editoriale di Julio Monteiro Martins, Il dilemma dell’artista, parla del perché sia importante l'esistenza di una rivista con le caratteristiche della Sagarana in Italia e dei dubbi presenti nel rapporto tra artisti e scrittori con il loro stesso processo creativo e con l’ombra dell’autocensura, ai giorni d'oggi.

Poi, oltre alla sezione I Cortometraggi, incentrata sulla video arte e sui linguaggi multimediali sperimentali, una Mostra Virtuale inedita, sui Migranti, di Guido Villa (Vercelli 1943): sono immagini di impatto, fonti di grandi emozioni.

La sezione Saggi oltre all’intervista con Ferlinghetti, realizzata dalla poetessa italo americana Pina Piccolo, propone una ricerca inedita del poeta statunitense Paul Polanski sulle “storie orali degli zingari rom”, e riflessioni di Jacques Le Goff, Primo Levi, Peppe Sini, Jorge Luis Borges e Nadia Urbinati.

In Narrativa ci sono racconti e brani di romanzi di Thomas Mann, Giuseppe Berto, Lucio Mastronardi, Gustave Flaubert, Marguerite Duras e W. G. Sebald, oltre a quelli di autori viventi come Nanni Balestrini, Lourenço Cazarré, Junot Diaz e Ascanio Celestino.

In Poesia, oltre a Ad alcuni piace la poesia, di Wieslawa Szymborska, ci sono poesie di Giorgio Gaber, un’inedita in Italia di Philip Lamantia e una di Bozidar Stanisic’. Nella sezione Gegner, le tre parti del Tacito soccorso all’ombra del Reich di Markus Mohr, e la sezione Nuovi libri presenta tra l’altro un brano tratto dal romanzo appena uscito, Tutto-mondo, di Édouard Glissant. A questo stesso indirizzo troverete anche gli aggiornamenti della sezione Il Direttore, con il racconto inedito Questione di sicurezza, di Julio Monteiro Martins.

Ci auguriamo che le immagini, i video, le testimonianze, le riflessioni, i saggi, i racconti e le poesie da noi selezionati possano offrirvi ore di piacevole lettura.
A partire da questo numero, sarà possibile fare donazioni alla Sagarana, con offerte libere, cliccando sulla casella Sostieni il Progetto Sagarana, sul sito della nostra rivista.

I più cari saluti
La redazione di Sagarana"

Nenhum comentário:

Postar um comentário