10 de setembro de 2009

SUSTOS INÉDITOS DO CLIMA NA TERRA INABITÁVEL


Os testemunhos são impressionantes. A mulher viu uma nuvem preta gigantesca, tomando conta de todo o céu, que começou a girar. "Vai cair em cima de nós", disse, e o troço despencou destruindo tudo. "Na primeira pegada, levantou a casa, o telhado, os móveis, as paredes", disse outro sobrevivente, qjue esclareceu assim o golpe mortal dado de cara pelo fenômeno, que chamam de tornado, mas parece ser um pouco mais complicado. Ninguém viu o negócio chegando delonge, girando, como vimos nos filmes e noticiários sobre os ventos demolidores nos Estados Unidos. A coisa chega de repente e explode, como aconteceu em Joinville, num pequeno espaço de um bairro. Chamam de micro-explosão. Ok, tem várias denominações e não sou especialista em clima, qualquer metereologista poderá suspirar fundo antes de me explicar. Mas não é isso que quero dizer, e não estou me referindo ao aquecimento global. Estou falando do Mistério, de coisas ainda incompreensíveis, apesar de sabermos as causas.

Dizem os entendidos que a primavera começa a esquentar o ar, que entra em conflito com massas de frentes frias chegadas do polo. O encontro, violento, faz o conjunto virar, formando um funil. O ar quente sobe por esse funil a mais de 500 quilômetros por hora. Quando roda, tem atingido de 130 a 180 km/h, mas tem casos conhecidos, fora do país que chega a mais de 400. É esse o tubo (um ou mais) mortal que vai arrancando tudo, como fez com 42 municípios catarinenses ante-ontem, atingindo 90 mil pessoas, matando gente para dedéu e colocando famílias destroçadas nos abrigos? O governo estadual diz que o governo federal vai liberar 20 milhões, mas o governo federal suspendeu a ajuda prometida para as enchentes do ano passado, só liberou uma parte. Isso não vem ao caso. Incúria é outro post.

Estou me referindo aos testemunhos. As pessoas não entenderam como a coisa aconteceu de uma hora para outra e com extrema violência, chegando a destruir no mínimo uma cidade inteira, Guaraciaba, do qual nunca tinha ouvido falar. Os telhados são levantados na primeira pegada e arrancam crianças dos braços das mães, idosos são levados para longe, vacas de mais de 200 quilos levantam vôo. A população que vive no interior, em sua maioria, mora em casas de madeira. Uma mulher e seus quatro filhos se salvaram porque conseguiram chegar no banheiro de alvenaria que ficava ao lado da casinha. Mas um casal morreu quando um foi para o banheiro e outro para baixo da mesa: muitas vezes, a maioria, não tem escapatória. "Achei que nós tínha morrida", disse uma mulher. "Aí acordamos e vimos que não". Animais domésticos e de criação morreram e foram enterrados ou apodrecem a céu aberto. A economia de regiões inteiras ficaram paralisadas. Por que aconteceu isso?

Uma enchente assusta, desabriga, mata. Mas um vento que cai como bomba , vindo do nada, batendo feio na horta ou no galpão das criações, destrói tudo em pocuos segundos e some como surgiu, deixando como rastro apenas uma chuvarada, não é coisa deste mundo. É um fenômeno climático diferente, novo. Não são tornados traadicionais. Lembro que quando houve o Catarina, anos atrás, fundiram a cuca até chamá-lo de ciclone extra-tropical. Ou seja, o que aconteceu naquele dia, quando o Catarina varreu o estado, era um fenômeno diferente, novo. Estamos lidando com o mesmo tipo de coisa. Quando surge algo inédito, é costume usar velhos paradigmas. Tornado, dizem. Vendaval, tormenta, tempestade. Pode ser uma invenção ainda desconhecida.

Vento que explode assim de repente com a força de um gigante, que amassa cidades como se fossem papel de bala, são diferentes dessas coisas que se formam nos oceanos e enlouquecem o Caribe ou a Asia ou os outros eventos que piram os fazendeiros do oeste americano. Temos algo ainda não catalogado por aqui. Faz parte do clima de uma terra inabitável. As pessoas perderam tudo e não sabem o que houve. O governo faz cara séria, mas também desconhece. O acampamento Brasil, nação do improviso e da escassez, está à mercê de algo maior. "Bobagem", dirão. "Isso acontece todo ano".

Não dessa forma e nessa intensidade. Mais não digo senão vão achar que vou resvalar para a teoria da conspiração. Mas que estão mexendo no clima de maneira criminosa, estão. E as rebarbas dessa irresponsabilidade estão se refletindo por aqui. Somos o laboratório dessa canalha, seja quem for, não há dúvida. Fiquei vendo São Paulo abaixo da tempestade. Lá está a grande cidade ao léu, indo para o entupimento total. Mudanças do clima se somam à tradicional falta de noção. Posso imaginar quais serão as providência da, digamos, "força-tarefa".
- Libera verbas, diz um. Com verbas, tudo se aquieta.
- Não temos dinheiro. Os recursos estão todos comprometidos na campanha.
- Anuncia que vai liberar verbas, depois retira o que disse.
- Mas isso não vai prejudicar as pesquisas?
- Ao contrário. Se anunciarmos mais verbas,. as pesquisas vão melhorar.
- Mas a gente tira e aí como fica?
- A gente tira, mas diz que não tirou.
- Ah. E se a coisa se repetir? Mais verbas? Da onde?

RETORNO - Imagem desta edição: Colossus, de Goya.

Nenhum comentário:

Postar um comentário