20 de janeiro de 2008

A IDIOTIA MILIONÁRIA


Uma cabeça como a do Luciano Huck deveria ser guardada em algum sótão, e não exposta num horário nobre, sábados à tarde, ainda mais nesta época, véspera de carnaval. O nariz de gancho, as orelhinhas de burro, a boquinha de siri (que faz esgares espertinhos), os olhinhos que piscam e a voz fake comandam horas de programação em rede nacional. Neste sábado, ele escolheu a “musa” do carnaval paulista, entre monstros siliconados que sacudiam a celulite sob a guarda de progesteronas vencidas, ex-beldades que representavam o papel das marafonas, as que escolhem o material para o mercado.

Não adianta chamá-lo de idiota, como fazem inúmeros blogs. O que sustenta o sujeito é o sistemão. Há interesses explícitos em gerar uma criatura como essa, que no fundo sintetiza o ethos da tigrada, a pseudo-aristocracia cevada pela ditadura, que, de rolex no pulso, acha muito justo o direito de expor os privilégios, e foda-se a “gentalha”. Numa festa filmada e postada no you tube, saradões cretinos rasgavam notas de vinte reais. Diziam que pouco dinheiro para eles é lixo e que mereciam estar lá, num bairro chic, à beira-mar, gastando os tubos.

A renda concentrada em poucas mãos precisa de um esquema completo de corrupção para se sustentar. Isso gera impunidade total, pois a sacanagem está garantida pelos poderes. A toda hora, ó surpresa, descobrem um megatraficante morando em mansão, num desses bairros. É a lógica: a vagabundagem precisa das drogas vindas da fonte e repassam uma nota preta (um deles, por enquanto preso, diz que tem 40 milhões de dólares enterrados no Brasil) para o tráfico.

Esse é o ambiente ideal para surgirem os novos milionários: 60 mil, segundo as estatísticas, brotaram em apenas um ano; eles são agora 190 mil, que detêm metade do PIB nacional. É preciso exibir desprezo ao povo que, sem opção de lazer, liga a TV e fica vendo coisas como o Luciano Huck, também ele um novo milionário, lógico. Arroz de tudo que é festa metida a importante, ocupando lugares especiais em camarotes e outras mumunhas, Huck é flagrado exibindo sua arrogância sem limites.

O dinheiro que falta no teu bolso está na mão dessa canalha. Em vez de haver distribuição de renda em rede, por todo o tecido social, a moeda falsa do real fica em grandes cofres desses milhares de tio Patinhas, rendendo juros, pois é preciso bolos enormes de grana para que a política de remuneração do ócio continue. Não vá inventar de ser um pequeno poupador ou investidor, os meganhas te fodem, te empurram para a escravidão ou a miséria. O que dá lucro é a ciranda financeira e não a poupança.

O Carnaval é a erupção de tudo que é tipo de putaria imperante no Brasil. Começa com o festival de carnes expostas, de tetas sacudintes, rabos rebolantes, bracinhos ao ritmo da bateria, carinhas de pede passagem. Aí tem os sambeiros sorridentes, os gigolôs da bagacera, com suas musiquetas de merda, esse troço que transformaram o samba, que nem mais samba é, cheio de lugares comuns, com letras (?) que atropelam a melodia (?), ou melhor, palavras esdrúxulas mal ajambradas em gritarias a esmo. Aí “dizem” no pé e acabam trocando os joelhos de maneira frenética, que é a maneira de sambar inventada por quem não sabe sambar.

Depois vem os desfiles, com discursos sobre a comunidade e as preleções “históricas” sobre os enredos, sem falar no carnaval de rua que custa uma nota, os milhões de imbecis se aglomerando atrás de sangalos e sangalinhas. Todos dizendo no pé e pedindo passagem. Depois voltam para as cidades inabitáveis, os empregos que não existem, as chefias nojentas, os esgotos a céu aberto, os carrões que atropelam mendigos, e, claro, o marketing mentiroso dizendo que somos uma potência, enquanto a febre amarela avança e as estradas federais ainda não privatizadas despencam diante das câmaras. Cagai pedra!

RETORNO - Imagem de hoje: o cofre do Tio Patinhas.

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