24 de julho de 2024

NA RODA

 Nei Duclós 


Não leve a mal o que eu digo

Falo no bom sentido

Não se sinta ofendido

Palavras tem seus caprichos


ÀS vezes um elogio

Com pitadas de ironia

Só para tirar a pompa

Da homenagem ao amigo

Pode ferir sem querer 

Basta perder-se no estribo


E não adianta escolher

A mais direta assertiva

O verbo gosta de luxo

E adora ser preferido


Nem devo achar que a trova

Por mais enxuta e sem brilho

Esteja a salvo das manhas

De um repente nativo


O certo é  ficar nas pilchas

Sem querer romper a roda

Passar em silêncio o amargo

Atiçando quieto as brasas


Assim nos entenderemos

Como compadres na aurora

Se preparando para a lida

Do rodeio lá de fora


Um guasca nunca se afoba

Sabe que chega a hora

Em que a adaga do inimigo 

Pode atingir a carótida 

Então vou gritar em guarda!

Para marcar um aviso

E te deixar com recurso

Diante do sacrifício 


E tua resposta será 

Depois de todo o perigo

Um aceno na cabeça 

Que agradece sem ruído 

Sem precisar testemunha


O valor de ser conciso

É o que tem mais qualidade Nenhuma literatura 

Ganha da nossa amizade 


Nei Duclós

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