30 de setembro de 2016

POEMA SEM ROSTO



Nei Duclós

Está ficando tarde. Hora do poema
sem rosto. O que chega nas horas
soltas, sem combinar nada.

E se impulsiona numa alavanca de voos,
jogando-se das torres para os campos.

Sofre a porção de fé no mar ignoto.
O que assustou a artista de esboços,
que deixou tudo sem ficar pronto.
Rompe a palavra então num sufoco.

É hora do verso louco, do passo manco,
do extremo esforço da voz rouca,
que ninguém ouve, a não o escriba torto,
corpo carregado de cincerros.


RETORNO - Imagem desta edição: obra de Joseb Elorza


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